I'm a Fake
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Re: I'm a Fake
Capítulo 29
Gerard sentiu seu coração acelerar. Ele não sabia o que esperar. Iria doer, provavelmente, de alguma forma. Ele sentia a mão de Frank na sua e isso o dava coragem, mas ainda era pouca. Cada passo que ele deu pareceu lento demais.breezy: UAHSUASH Tá né -q Eu também odeio, toda vez que uma conversa séria começa eu já acho que tudo vai pro espaço ;-; E né, Ray forever alone xD Olha, você provavelmente tá certa sobre não ser uma boa ideia, mas né. E sim, obrigado por comentar <33
Bem, ahn, então.... esse tá maior que os outros, e também é meio pesado. ;-; Desculpa ;-;
Ray já havia acendido as luzes e agora estava parado próximo da escada, como disse que ficaria. Frank fez menção de puxar uma das cadeiras, mas Gerard o impediu. Ele não queria repetir o que acontecera da primeira vez; ficar naquela posição e se lembrar de algo... algo que ele não tinha certeza do que era, mas que o dava enjoo.
Ele parou no meio do porão e olhou ao redor. Os equipamentos de Ray faziam com que tudo fosse diferente do que ele sentia que era no passado, e ele sabia que Ray estava com medo de que destruísse seu estúdio inteiro. Não podia culpá-lo. Na verdade, Gerard ainda estava pensando em como poderia agradecer por tudo o que Ray estava fazendo.
Ele deixou isso para depois. No momento, precisava se concentrar. Ele se afastou um pouco de Frank, mas ainda ficou por perto, e pegou o saco com os documentos que tinha deixado dentro do bolso do casaco.
Tirou de dentro os papéis, e deixou o que tinha o retrato falado por último de propósito. Ele queria só ler por enquanto.
“Tragédia em New Jersey: criança de nove anos escapa de dupla sanguinária”
Gerard engoliu em seco. Se isso era só o título...
“A dupla 'Clockwork', como vem sendo conhecida pela polícia em referência à violência explícita da obra 'Laranja Mecânica', atacou novamente. Dessa vez um menino de nove anos foi o único sobrevivente do espetáculo de terror que ocorreu na noite passada, na região sul da cidade. Traumatizado, o garoto, encontrado semi-nu, e cujo nome não será revelado por questões de segurança, não consegue se lembrar de nada. Ele e o pai são os únicos membros restantes de uma família que tenta reconstruir-se...”
Gerard parou, sentindo-se estranho. Clockwork. Esse nome. Ele ouvira esse nome.
Frank colocou uma mão sobre seu braço, para acalmá-lo, e conseguiu. Gerard trocou os papéis que tinha em mão, passando os olhos rapidamente pelas outras reportagens. Todas diziam o mesmo, com um ou outro detalhe a mais que não interessavam-lhe.
Até que um detalhe o interessou. Um detalhe muito, muito importante.
“... sequestrados em algum momento entre as três e as cinco da tarde, a mãe e seus dois filhos foram levados pelos criminosos para uma casa a poucos metros de distância...”
Dois filhos.
Gerard realmente se sentiu tonto, mas conseguiu murmurar para Frank que talvez fosse querer a cadeira agora. Frank rapidamente o atendeu, e Gerard desabou sobre ela.
Dois filhos. Dois filhos. Ele não conseguia pensar em outra coisa.
Irmão. Ele tinha um irmão.
E era o único sobrevivente.
Gerard fechou os olhos, a cabeça doendo outra vez, em pontadas. As lembranças vinham junto com a dor.
Michael... Mikey. Mikey, por que eu não me lembrava de você? Onde você está? Lembra quando brincávamos de pega-pega pela casa e você sempre escorregava no tapete do corredor? E quando você bagunçava a minha cama e eu gritava com você e depois me arrependia porque odiava te ver fazendo aquela cara? Mikey... Você tinha seis anos.
Gerard abriu os olhos de novo, e não se surpreendeu com a água que sentia neles. Estava doendo, lembrar de seu irmão mais novo estava doendo muito, e ele sentia o cansaço familiar que fazia com que ele quisesse dormir. Mas não, Jared provavelmente apareceria se ele se deixasse dominar. Então ele pegou os papéis de novo e se forçou a olhar.
Nenhuma das outras reportagens dizia qualquer coisa nova. Por fim, ele chegou ao retrato falado, e suas mãos começaram a tremer um pouco. Frank as segurou por um momento, em pé do lado dele – Gerard agradeceu mentalmente por ele não ter repetido a cena da outra vez – e o mais velho assentiu, fazendo com que Frank o deixasse de novo.
Gerard trouxe a imagem para cima e a analisou. Uma pontada muito forte de dor veio em sua cabeça e também no peito, mas essa segunda era outro tipo de dor. Ele reconhecia o rosto, e sentia raiva... tanta raiva, que assim como a tristeza, era cansativa. Era uma explosão de ódio que parecia drená-lo, e tudo que ele achava que poderia fazer era se deixar levar. Mas não, não podia, não iria deixar Geoffrey dominá-lo de novo, não depois do que aconteceu com Frank.
Ele fez de tudo para manter suas emoções sob controle e continuou fitando o retrato falado.
Era um homem jovem, consideravelmente, talvez um pouco menos que 30 anos. Tinha as feições esguias, mas feias, o nariz pontudo demais e os olhos com um certo vazio, mas isso poderia ser só o desenho. Ele parecia um bandido comum de filme francês, os cabelos claros, provavelmente loiros, e os olhos também claros. Gerard o odiava. Odiava aquele homem, mas nem sabia porquê. Ou sabia?
Ele levantou o olhar e observou o porão. As paredes estavam cobertas, mas ele sabia aonde estava o sangue. Seus olhos recaíram no local imediatamente, e ele pegou as fotos das paredes que Ray havia tirado, levantando a principal delas e a posicionando no exato lugar onde elas ficariam em tamanho real.
Gerard tremeu e vacilou, mas ergueu novamente a foto e a encarou bem, sua mente girando.
Mikey... aquele homem... minha mãe... o sangue... o que aconteceu? O que está faltando?
Ele abaixou a foto e viu Frank parado logo em frente. Então ele entendeu.
Era uma dupla. Foram um sobrevivente e um fugitivo.
Gerard olhou para as próprias mãos, viu os machucados que Geoffrey causara ao bater em Frank. Mas agora, ele não pensou no que acontecera na noite anterior. Ele pensou na primeira vez que suas mãos ganharam marcas como aquelas.
E então tudo veio muito rápido.
Gerard ofegou, a primeira memória o atingindo. Ele estava com sua mãe e seu irmão, passeando com Bat. Era um dia normal. Tudo como sempre foi, exceto que era uma das poucas vezes que Mikey ia junto. Ainda assim, nada estranho.
Até que um carro se aproximou. Veio por trás, devagar, e ninguém além de Donna Way pareceu notar. Ela mandou os filhos se apressarem, mas o carro acelerou um pouco mais. Bat finalmente percebeu também, e virou-se de uma vez para rosnar para o veículo, fazendo com que Gerard e Mikey quase tropeçassem nele.
Antes que pudessem fazer muita coisa, porém, a porta do carro se abriu. Primeiro a do motorista, que estava de frente para Bat. O cachorro parecia prestes a avançar, e o homem sorriu, como que o provocando. Bat pulou, ao mesmo tempo em que o homem revelava sua mão— com algo nela.
Não!
Gerard lembrava-se da dor ao entender o que acontecera. Uma faca. O homem, o de cabelos claros que ganhara um retrato falado mais tarde, tinha esfaqueado Bat no ar, e o cachorro começou a ganir, tão alto que doía os ouvidos de Gerard.
Tudo parecia um borrão. Sua mãe gritara, empurrando-os, mas a outra porta se abriu, do mesmo lado, só que do banco de trás, e alguém puxou Gerard para dentro. O segundo homem, um moreno de feições rudimentares e com mais de 40 anos, também tinha uma faca, e o primeiro já chutara o cachorro para longe. Gerard lembrava-se agora, de ter o metal pressionado contra sua garganta, a voz fria do monstro que o segurava ordenando que sua mãe e seu irmão entrassem no carro, ou ele mataria o menino ali mesmo.
Donna e Mikey não tiveram escolha. Soluçando, eles deram a volta, esperando que alguém estivesse por perto, mas os bandidos esperaram o momento certo para fazer aquilo. A rua estava deserta, e Donna não soube mais o que fazer ao entrar junto com Mikey no banco de trás. O homem então virou-se, fechou a porta, e logo o carro estava partindo.
Gerard foi empurrado contra sua família, já chorando. Ele olhou pela janela, a tempo de ver Bat agonizando na calçada, clamando por ele, mas o terror em estar dentro daquele veículo o fez virar o rosto.
“O que vocês querem?”, sua mãe choramingara. “Eu dou dinheiro, por favor, só nos deixe-”
“Cale a boca ou eu arranco sua língua”, o motorista respondeu. “O que nós queremos nós vamos ter.”
Gerard tentou ficar o mais longe possível do homem ao seu lado, agarrando-se a sua mãe e Mikey, que estava sobre o colo dela. Não demorou quase nada para alcançarem a casa, e a rua, ainda deserta, não os ofereceu qualquer proteção. Ambos os homens trocaram as facas por armas de fogo, e o motorista deu a volta para arrancar Mikey e Donna primeiro, apontando a pistola para eles discretamente e os mandando segui-lo.
O segundo homem os escoltou por trás, sua arma nas costas de Gerard, que nem chorava mais; estava em choque, só fazia o que mandavam.
O da frente mandou abaixarem as cabeças, gritando a ordem, e disse para se apressarem. Todos obedeceram, trêmulos, até chegarem a um ponto em que tinham que descer uma escada.
Quando puderam ver o porão, Donna gritou.
Gerard se lembrava agora, de olhar para cima e ver porque sua mãe estava tão assustada. O local parecia saído de um filme de terror – e ele só sabia disso porque vira alguns escondido. Algumas mesas presas às paredes tinham instrumentos que Gerard não reconhecia direito, mas que pareciam afiados, prontos para algum tipo de tortura. Mikey não entendia nada, mas o ambiente o fez chorar mais alto. Era sujo, a luz amarela dava um ar velho ao cômodo, e as cadeiras de madeira pareciam usadas demais.
O loiro mandou Donna calar a boca de novo e a empurrou para a frente, enquanto o outro ficava com as crianças. Ela o seguiu, não sabendo o que mais fazer ao ver uma arma sendo apontada para seus filhos. Ela só conseguia pensar neles. Pelo menos, até entender o que o loiro queria.
Ele guardou a pistola, trazendo de volta a faca que escondera, e a usando para rasgar a parte de cima de sua camiseta. Ela gritou de novo e ele trouxe a ponta da lâmina para seu queixo, novamente dizendo para que ela ficasse quieta. Gerard abraçou Mikey, que enfiou a cabeça em seu peito, mas o mais velho não conseguiu deixar de olhar. Ele queria, queria tanto, mas não podia.
Donna foi empurrada para o chão, ainda aos prantos, e a faca foi se alternando entre sua roupa e sua pele, provocando alguns cortes, mas ela mal os sentia. Ela queria tirar a mente dali, mas seus filhos... o choro de Mikey e o olhar de pânico de Gerard a mantiveram presente enquanto o monstro subia sobre ela.
Durou uma eternidade. Gerard assistiu tudo, não conseguia desviar a atenção, não sabia nem mesmo o que estava sentindo. Abraçava Mikey com força, impedindo-o de ter a mesma visão. Ele estava com medo, com tanto medo que achou que o sentimento o devoraria.
Mas não devorou. O loiro terminou com sua mãe e a deixou lá, voltando-se para as crianças agora. Ele e o outro homem trocaram um olhar, e Gerard e Mikey foram forçados a ir para frente, para perto de Donna, que não se levantara do chão.
“Mamãe?”, Mikey choramingara. Ela olhou para cima. Não parecia haver nada em seus olhos. Era quase como se ela não o reconhecesse. Quase.
O loiro trouxera duas cadeiras, e fez Gerard sentar em uma e Mikey em outra, um de frente para o outro. Ele ficou com a arma agora, enquanto o segundo homem brincava com sua própria faca. O loiro puxou Donna para mais longe, arrastando-a pelo chão, ainda quase inteiramente nua, porque ela não se mexia.
Mas ele não queria que ela ficasse assim. Ele puxou seu cabelo para cima e a forçou a ver o local onde seus filhos estavam. Ela percebeu que o segundo homem se ajoelhara entre os dois irmãos, e então pareceu que um pensamento terrível – e provavelmente verdadeiro – passou por sua mente, e ela achou forças para gritar de novo, tentando sair dali. O loiro não permitiu, a pistola em sua cabeça e o outro braço ao seu redor.
Gerard não tinha certeza do que ia acontecer, mas tinha uma ideia. O homem que estava na sua frente se concentrara em Mikey, mas mantinha um olho em Gerard, quase como que o desafiando.
“Por quê?”, Donna perguntara, baixo, a voz rouca.
“Porque ele não gosta de gente grande”, o loiro respondeu, também baixo e em um tom meio debochado, mas Gerard conseguira ouvir.
“Não... por que... por que isso tudo?”, sua mãe conseguiu completar, olhando para Mikey com mais dor do que achou que era possível aguentar.
“Por que não?”, ele respondera. “Por que alguém gosta de jogar basquete todo fim de semana? Ou xadrez? Por que alguém ouve música todo dia, ou lê um livro por semana? Por que alguém usa coca, heroína, LSD, crack, qualquer merda que seja? Porque é um vício. Esse é o nosso.”
“Estão nos chamando de dupla 'Clockwork'”, o outro disse, sem olhar para Donna, mas com um pequeno sorriso. “Estamos prestando uma homenagem ao nosso filme favorito.”
Gerard estava suando. Ele conseguia se mover agora, conseguia pensar, porque via o que ia acontecer. O homem estava ajoelhado na frente de Mikey, tocando a perna dele de leve. Não, não, isso não podia acontecer. Ele viu sua mãe, o loiro apontando a arma para ela e deixando bem claro que atiraria caso Gerard tentasse alguma coisa. Ele gemeu em frustração.
Isso atraiu a atenção do moreno. Ele sorriu para Gerard e se aproximou dele, deixando Mikey de lado. Gerard se sentiu aliviado, mas só por um momento. Agora era sua perna a ser tocada, e ele se sentiu enjoado. Vendo o homem de cima, os dedos deslizando pela sua coxa, aquele sorriso nojento ainda nos lábios.
“Você vai gostar.”
Gerard viu sua mãe tentar fugir de novo, tentar salvá-lo. Ele tentou se concentrar no fato de que Mikey estava seguro, por enquanto. Fechou os olhos, mas seu corpo se retesou quando os dedos chegaram até o começo de sua calça.
Ele achou que conseguiria suportar no começo, quando o homem fingia que queria dâ-lo algum prazer, mas aquela boca o deixava com vontade de vomitar. Seu membro, porém, respondia exatamente como o homem queria. Gerard se odiou, se odiou tanto naquele momento, quis se bater, se cortar, se despedaçar, porque seu corpo o estava traindo, e ele precisou de todas as forças para não chorar. Sua mãe estava se debatendo, e apanhando com isso, e Mikey estava assustado demais para se mexer. Tão jovem, jovem demais.
De repente, sem qualquer aviso, o homem o puxou da cadeira para o chão, fazendo-o machucar as costas. Gerard abriu os olhos, apavorado, e o viu forçando suas pernas para longe uma da outra, ao mesmo tempo em que puxava o resto de suas calças, deixando-o de cueca, já um pouco abaixada. Donna gritou mais alto. Gerard sabia o que aquilo significava. Não pôde ter mais certeza ao vê-lo abrindo o zíper da própria calça.
Mas então, tudo mudou.
Mikey se levantou e, antes que qualquer um entendesse o que estava acontecendo, ele pulou sobre o moreno, agarrando-o pelo pescoço como se fosse sufocá-lo, mesmo que não tivesse nem de longe a força necessária para isso. Gerard piscou uma vez, mas não perdeu mais tempo. O loiro havia mandado Mikey sair, ou ele mataria sua mãe, mas Mikey não lhe deu atenção. O moreno se levantara, tentando se livrar do pequeno grudado às suas costas, e Donna também se rebatia com mais força. Gerard se levantou em um pulo e socou o moreno com toda a força que conseguiu juntar, o que fez com que ele sentisse uma dor aguda em sua mão.
O homem trouxe a faca para frente e conseguiu fazer um corte superficial no rosto de Gerard, que deu um passo para trás automaticamente. Ainda assim, com o canto do olho, ele conseguiu ver que o loiro levantara a arma, apontando-a para Mikey.
Não, ele não deixaria isso acontecer.
Gerard pulou para frente e empurrou o homem justamente quando o loiro atirou. A bala acertou seu próprio comparsa, no ombro, mas fez com que Mikey se soltasse. O loiro xingou, e Donna conseguiu se livrar dele por um momento. Mas agora, ele já não queria mais tê-la como refém.
Ele atirou de novo, acertando-a nas costas. Mikey berrou, atropelando-se ao correr para a mãe, e Gerard travou de novo ao vê-la caindo, o sangue começando a sair de sua boca. Meu Deus, aquilo doía. Ele queria morrer junto com ela.
Mas não tinha tempo para isso, Mikey ainda estava ali, abraçado à sua mãe, e o moreno estava logo atrás dele. Gerard viu que estava cercado... mas um brilho no chão deu-lhe uma ideia.
A faca. Ele não pensou duas vezes; abaixou-se, desviou do homem que tentou agarrá-lo e correu para o lado, desviando também do terceiro tiro dado pelo loiro. Ele nem sabia o que estava fazendo, só precisava ficar vivo por tempo o bastante para chegar até Mikey...
Mas Mikey estava perto demais do loiro, o que estava com a arma. Enquanto o corpo de Donna dava seus últimos espamos, Mikey virou o refém. Gerard parou de correr, olhando para o irmão e a pistola em seu crânio.
O moreno estava se aproximando, com sua própria arma na mão – afinal, ele também tinha uma — e Gerard já sabia que não tinha como fugir daquilo. A não ser...
Quando o outro estava perto o bastante, Gerard deu um pulo para trás e depois para frente, pegando-o de lado, e enfiando a faca em sua garganta imediatamente.
O sangue escorreu pela parede, e Gerard ouviu o barulho já conhecido de mais um tiro. Ele soluçou, o coração se afundando em seu peito. Mikey. Não.
Foi então que o sentimento chegou, aquele que estava só esperando o momento certo. Ódio. Tanto ódio que Gerard já não se importava com o que aconteceria com ele, nada mais importava.
Ele torceu a faca, fazendo mais sangue escorrer do homem à sua frente, agora em outro ponto na parede, e com a outra mão pegou a arma que ele segurava. Gerard nunca havia usado uma, mas não parecia tão difícil. Não estava travada.
Gerard afastou a mão com a faca e aproximou a outra, não hesitando um só momento antes de puxar o gatilho. O homem havia se movido um pouco, o que fez com que a bala perfurasse sua cabeça, de baixo para cima, fazendo mais sangue se espalhar pelo cômodo.
Então Gerard teve uma visão limpa, assim que o cadáver caiu aos seus pés. Ele viu sua mãe, seu irmão, um sobre o outro, e o assassino de pé. A cena parecia uma versão de horror de um velho oeste. Ambos com armas nas mãos... mas só um com ódio no olhar. O outro estava com medo.
Atiraram ao mesmo tempo. O tiro do homem passou de raspão pela cabeça de Gerard, fazendo-o colocar uma mão lá na hora e se abaixar com a dor. Já o tiro do menino acertou justamente o que ele queria que acertasse: a mão do bandido. Isso fez sua arma cair ao chão.
Gerard levantou-se rapidamente, procurando-o com os olhos e mirando-o de novo. O homem percebeu que Gerard não hesitaria mais nenhum segundo, e então, ao invés de tentar mais alguma coisa, ele simplesmente correu.
Gerard queria, queria muito ir atrás dele, mas assim que ele saiu de seu campo de visão, o menino foi atraído para os dois corpos mais à frente.
Ele não conseguia acreditar. A pistola caiu de sua mão, e ele também caiu. Ele se arrastou para os dois, imaginando se talvez fosse possível, só talvez, que Mikey... mas não. Mikey morrera mais rápido que sua mãe. Naquela situação, Gerard percebeu que era algo bom.
Mas o turbilhão em sua mente e seu peito não era nada bom. As imagens da última hora o atingiram com força total – o sequestro, Bat, o estupro, o abuso, Mikey, o assassinato, tudo, tudo – e ele sentiu que iria desmaiar. Deixando-se deitar sobre Mikey e Donna, ele sentiu a escuridão chegando, e desejou com todas as suas forças que nunca mais acordasse.
KLSHDAHAA MANO EU MEREÇO MORRER ASFHALFHAL
Nancy Boy- Admin
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Re: I'm a Fake
MIKEY SOCORRO NÃO O MIKEY PQ
6 ANOS CARALHO SÓ 6 ANOS POXA
AI PORRA O CACHORRO AFF QUE BOSTA COITADO VEI
PQP VC QUASE FEZ DUAS CRIANÇAS SEREM ESTUPRADAS CARA
Ain, o Mikey se arriscando pra salvar o Gee <33
AI QUE LEGAL O CARA SAI CORRENDO AFF
Taaaaadinhooooo <\3 Gerard <\3
É CONCORDO PLENAMENTE QUE VC MERECE MORRER JXKAKDOWNODMAKS PQ NÃO APROVEITA E http://www.rochaferida.com/2011/06/os-piores-metodos-de-tortura-da.html?m=1
Kdmwldmwld zoa -q
Se demorar pra postar o próximo capítulo ai sim eu te mato =3
Tchaaaaaau =3
6 ANOS CARALHO SÓ 6 ANOS POXA
AI PORRA O CACHORRO AFF QUE BOSTA COITADO VEI
PQP VC QUASE FEZ DUAS CRIANÇAS SEREM ESTUPRADAS CARA
Ain, o Mikey se arriscando pra salvar o Gee <33
AI QUE LEGAL O CARA SAI CORRENDO AFF
Taaaaadinhooooo <\3 Gerard <\3
É CONCORDO PLENAMENTE QUE VC MERECE MORRER JXKAKDOWNODMAKS PQ NÃO APROVEITA E http://www.rochaferida.com/2011/06/os-piores-metodos-de-tortura-da.html?m=1
Kdmwldmwld zoa -q
Se demorar pra postar o próximo capítulo ai sim eu te mato =3
Tchaaaaaau =3
breezy- Mensagens : 44
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Re: I'm a Fake
Capítulo 30
Frank estava assustado.breezy: EU SEEEEI KLDHFLFHLA EU NÃO ME ENTENDO, EU VIVO JUDIANDO DO MIKEY NAS FICS, E ISSO PORQUE EU GOSTO DELE! ;-; Sei lá cara, essa merda toda veio na minha cabeça, mas dessa vez quem sofreu mais foi a Donna, mesmo que o Gerard tenha ficado com o trauma. E... UAHSUASHAUSH Não me dê ideias, ao invés de usar essas torturas em mim posso usar em personagens e -q
Ok, ok, o pior já passou, vamos voltar pro Frank agora. Esse capítulo é curto, mas importantinho. u_u
Muito assustado.
Os minutos passavam e Gerard continuava quase imóvel naquela cadeira, os olhos abertos mas sem foco, e somente os dedos tremendo de vez em quando. Frank não sabia se intervia ou não, e quando estava prestes a sacudir o namorado, ouviu um pigarrear de Ray e olhou para ele. Ray balançou a cabeça, indicando que seria melhor dar um tempo maior à Gerard. Frank suspirou e envolveu os braços ao redor de si mesmo, ainda em pé, impaciente.
Finalmente, os olhos de Gerard se focalizaram em algum ponto à sua frente- mas teria sido melhor que não tivesse.
Frank reconheceu o pavor naquele olhar sem que Gerard precisasse falar nada, mas de qualquer forma, o mais velho começou a gritar.
Tão alto que Frank pulou para trás e Ray quase apertou o botão dos dois celulares que carregava sem querer. Tão alto que o proprio Gerard pulou na cadeira, seu corpo agora começando a tremer por completo, seus olhos arregalados, obviamente reproduzindo tudo que ele acabara de ver em sua própria mente.
Frank se aproximou, tentando tocá-lo, tentando abraça-lo, mas Gerard lhe estapeou o braço, sem olhar para nada em particular. Frank estava entrando em desespero, e sabia que iria começar a chorar logo. Ele não aguentava ver aquilo.
— Ray, ambulância! — ele disse, por cima dos gritos do outro, e não pareceu perceber que Ray já estava ao celular. — Gerard, Gerard me escuta...
— NÃO! NÃO NÃO NÃONÃONÃO!
Frank estava com medo de se aproximar de novo, e mais ainda quando Gerard colocou as duas mãos na cabeça. Algo estava acontecendo, algo muito errado, e ele conseguia sentir.
Os tremores aumentaram, ao ponto de Gerard fazer com a cadeira fosse um pouco para trás, e ele conseguiu gritar ainda mais alto. Estava a ponto de arrancar os próprios cabelos quando seus braços caíram e ele olhou para cima, diretamente para Frank, sua voz inteiramente diferente, ainda que com um tom histérico.
— Você fez isso, maldito, você--
Frank deu dois passos para trás, reconhecendo Geoffrey imediatamente. Mas não precisou se preocupar, pois com um novo grito e um pulo violento, Geoffrey foi embora, e a próxima voz veio chorosa, entre soluços.
— F-Frank... p-por quê? — o jeito infantil fez com que Frank entendesse que era Gus, e isso lhe quebrou o coração.
Gus foi embora tão rápido quanto chegou, Gerard novamente voltando aos espasmos, até que seus olhos subiram até Frank de novo, dessa vez adultos, mas ainda assim desolados.
— Eu tinha gostado de você, Frank...
Frank inclinou a cabeça, sem ter muita certeza de quem era à princípio, até que Gerard fungou por causa do choro e mordeu o lábio de uma forma mais feminina do que lhe era comum, e ele subitamente viu que era Gabriella.
— Gabriella, desculpa, eu...
— Cala a boca! AHHHHHHHH — Gerard voltou a gritar, e Frank soube que Gabriella foi embora.
A próxima voz estava embargada pelas lágrimas também, mas novamente Frank foi encarado nos olhos.
— Era esse o tanto que você o amava?
— Gabe, eu...
— Não, Frank, você estragou tudo! TUDO--
E Gabe se foi como os outros. Frank já estava chorando, e Ray resmungava próximo da escada que a ambulância estava demorando.
Gerard parou com os gritos mais uma vez, mas dessa vez o olhar não foi levantado.
— Eu sabia... eu sempre soube...
Era Jared. Frank mal se lembrava dele, da primeira vez em que o viu, cortando-se, cortando a pele que era de Gerard. Frank quis perguntar o que ele sabia. Que Frank estragaria tudo — segundo Gabe — ou sabia sobre o passado que Gerard acabou de descobrir? Talvez fosse o último. Isso explicava porque ele era do jeito que era.
Jared sumiu antes que Frank pudesse falar qualquer coisa. Gerard voltou ao seu estado de “transição”, só que agora não havia mais ninguém para aparecer. Então todos os alters apareceram.
Gerard empurrou a cadeira de vez e acabou caindo no chão, as mãos ainda na cabeça, como se ela fosse explodir a qualquer momento. Frank se ajoelhou, só para ficar mais perto dele, mas ainda não se atreveu a tocá-lo. Sua voz em meio aos gritos parecia prestes a quebrar; mudava a cada segundo, ora gritando o nome de Frank, ora o nome “Mikey”, às vezes somente “mãe”. Esse último parecia vir de Gus, a criança dentro dele, ou talvez Frank estivesse imaginando coisas. Ele só sabia que ouvir seu próprio nome era terrível. Tanto porque ele não tinha como ajudar, quanto porque sabia que os alters o estavam culpando.
E ele entendia porquê. Ele entendeu desde o começo.
Os alters estavam morrendo.
Gerard deitou, sua voz rouca finalmente morrendo, ao mesmo tempo em que Ray saiu do porão. Frank mal reparou no novo amigo, mais preocupado com o que acontecia à sua frente.
Gerard ainda tinha alguns espasmos aleatórios, mas parecia começar a ficar calmo, os olhos fechados, a respiração lentamente adquirindo um ritmo normal. Frank decidiu se aproximar um pouco.
— Gee?
Ele não respondeu. Frank entrou em pânico e, por um momento, não pensou em mais nada: somente foi para frente e se jogou sobre Gerard, o ouvido em seu peito, para ouvir seu coração. Ele suspirou aliviado ao confirmar que o mesmo ainda estava batendo.
— Gerard?
Mas ele estava inconsciente. Frank se ajoelhou de novo e, mudando devagar de posição, fez com que a cabeça de Gerard ficasse em seu colo.
Ele não sabia o que pensar, ou sentir, ou esperar. Será que os alters haviam mesmo morrido? Será que tudo acabara? Será que Gerard conseguiria viver com a memória de tudo que lhe aconteceu?
Será que o perdoaria por tê-lo feito lembrar?
Frank se sentiu soluçar. As acusações dos alters o atingiram mais do que ele imaginou que poderiam. Estavam mortos, provavelmente. Todos mortos. E mesmo se não estivessem, com certeza o odiavam agora.
Jared. Gabe. Gabriella. Gus. Geoffrey. Não que Geoffrey importasse; a não ser, talvez, pelo fato de que ele mataria Frank sem nem pensar caso ainda existisse.
Mas o mais assustador pensamento que passou pela mente de Frank, no exato instante em que Ray descia as escadas acompanhado de dois paramédicos, era o de que Gerard não fosse mais o mesmo.
Quem é o homem que está em meus braços agora?
Importantinho porque as aparições dos alters podem ou não ter sido as últimas. Veremos. ;-;
Nancy Boy- Admin
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Re: I'm a Fake
HA HA HA HA SÓ QUE NÃO
TENTA SÓ VC USAR ESSAS PORRINHAS EM ALGUM DOS SEUS PERSONAGENS
É TIPO, PEDIR PRA MORRER rsrsrs bem devagar rsrsrs
E PORRA ALÉM DE JUDIAR DO FRANK VC TEM A CORAGEM DE FAZER ISSO COM O GEE TAMBÉM >.<
Mas vc ta impossível mesmo em -q
Essa parte dos alters foi meio tensa mas eu achei dahora HUEHUEHUE
Ain caralho, se ele ~por acaso~ mudar muito e desistir do Frank eu juro que vc vai se arrepender pra caramba
Ah, falando nisso, eu tenho fobia EXTREMA de seringas, mas eu nunca soube na real o porquê. Ai esses dias eu acabei descobrindo que foi na vdd um trauma de infância já que eu tinha um problema e ia constantemente pro hospital e acordava com aquelas porras de agulhas no braço MAS TIPO, EU NÃO LEMBRAVA DISSO VEI SOCORRO enfim, quando eu descobri a primeira coisa q eu pensei foi na sua fic HUEHUEHUHUEHUE pse
~mudando de assunto~ poste o próximo capítulo bem bem bem rápido. Okay? Ok
Tchaaaaaaau =3
TENTA SÓ VC USAR ESSAS PORRINHAS EM ALGUM DOS SEUS PERSONAGENS
É TIPO, PEDIR PRA MORRER rsrsrs bem devagar rsrsrs
E PORRA ALÉM DE JUDIAR DO FRANK VC TEM A CORAGEM DE FAZER ISSO COM O GEE TAMBÉM >.<
Mas vc ta impossível mesmo em -q
Essa parte dos alters foi meio tensa mas eu achei dahora HUEHUEHUE
Ain caralho, se ele ~por acaso~ mudar muito e desistir do Frank eu juro que vc vai se arrepender pra caramba
Ah, falando nisso, eu tenho fobia EXTREMA de seringas, mas eu nunca soube na real o porquê. Ai esses dias eu acabei descobrindo que foi na vdd um trauma de infância já que eu tinha um problema e ia constantemente pro hospital e acordava com aquelas porras de agulhas no braço MAS TIPO, EU NÃO LEMBRAVA DISSO VEI SOCORRO enfim, quando eu descobri a primeira coisa q eu pensei foi na sua fic HUEHUEHUHUEHUE pse
~mudando de assunto~ poste o próximo capítulo bem bem bem rápido. Okay? Ok
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breezy- Mensagens : 44
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Re: I'm a Fake
Capítulo 31
Frank estava tão nervoso e impaciente que até mesmo sua mãe decidiu deixar a bronca para depois.breezy: UAHSUAHSAU Okay, não usarei, pelo menos não nessa fic -Q Eu sou impossível -qq Ah, por acaso assim existe a possibilidade de algo do tipo acontecer...sei lá... vamos ver né -q E... porrãn ._. Ter um trauma do qual não se lembra é tenso, mas pelo menos você não ficou louca ao lembrar né? -qq Postaaaando~
Ele havia acompanhado Gerard, ainda inconsciente, até o hospital mais próximo. Enquanto o namorado era admitido e encaminhado para exames iniciais, Frank lutava para explicar toda a situação para os médicos sem se deixar chorar de novo.
O que ele havia feito? Por que convencera Gerard a fazer aquilo?
Mas não adiantava ter esses pensamentos agora. Depois que tudo foi comunicado, ele desabou em uma das cadeiras na sala de espera e recebeu um sorriso amigável de Ray.
— Tem alguém pra quem você queira ligar? — ele perguntou, e Frank lembrou que tinha algumas satisfações a dar.
Pegando seu celular de novo, ele suspirou ao ver todas as ligações perdidas de Linda, e apertou o botão para discar para o número dela.
— Frank! — sua voz era um misto de alívio e raiva. — O que você estava pensando? Você tem alguma noção do que eu...
— Mãe, o Gerard tá internado.
Ela ficou quieta. Ainda estava furiosa, mas o tom magoado do filho a desarmou. Ele precisava do apoio dela agora, ela soube instintivamente, e portanto era isso que ela daria.
Frank passou o endereço do hospital, sabendo que ela ainda demoraria a chegar, já que estavam bem mais perto da casa do Ray do que da de Gerard ou do próprio Frank. Em seguida, ele também ligou para outra pessoa.
— Jimmy? É o Frank. O Gerard tá internado.
— Ele tá o quê? — Jimmy pausou, e Frank fechou os olhos, imaginando o que estava por vir. — Você sabe o que eu vou fazer se eu te encontrar, não sabe, Iero?
— Eu não me importo. Eu vou continuar com ele de uma forma ou de outra. Só achei que você devia saber.
Jimmy levou mais alguns segundos para falar de novo.
— É bom que você saiba resolver a merda que fez.
Frank só passou o endereço para ele, achando um pouco divertido sua irritação com o fato de ser longe. Então guardou o telefone no bolso das calças jeans e se recostou na cadeira.
O tempo passou. Ray se ofereceu para ir pegar café para eles, o que Frank aceitou, grato. Ele disse que Ray podia ir embora, mas o novo amigo garantiu que não tinha mais nada para fazer o resto da noite, e que não se importava em ficar. Frank o agradeceu, desejando poder fazê-lo entender o quão importante ele fora naquilo tudo. Ray parecia feliz só em ajudar.
Linda chegou primeiro, indo até Frank imediatamente assim que o viu. Por um momento ele achou que ela fosse estapeá-lo, mas ela só o abraçou, com mais força do que deveria — já que ele ainda estava bem dolorido — e sussurrou que ia ficar tudo bem. Foi então que Frank desmoronou; ele nunca conseguia segurar suas emoções, não quando sua mãe o estava segurando, fazendo-o sentir como se tivesse cinco anos de novo.
Ele derramou tudo nela, as preocupações, o medo, a culpa, a dor em ver Gerard como ele estava. Linda podia ver que o filho estava entrando em desespero. Ele precisava ver, precisava saber que Gerard estava bem, que ele não tinha estragado sua vida completamente. Linda realmente não sabia o que dizer, então só o segurou e o acalmou, como uma mãe sempre sabe fazer.
Depois de mais algum tempo, quando Frank já estava recomposto, chegaram Jimmy e mais duas pessoas que Frank reconheceu vagamente; ele lembrava de tê-los visto no funeral da Lindsey.
— Hey — Jimmy cumprimentou Linda, que sorriu de volta para ele. — Quem é o ‘fro?
— Sou Ray — o outro respondeu, sem parecer se importar com o apelido. Ele parecia estar mais interessado no visual de Jimmy, com o cabelo agora com as pontas verdes, botas militares nos pés e roupas de pelo menos quatro cores diferentes. — Jimmy, né?
Jimmy assentiu para ele e finalmente se virou para Frank. Seu comportamento foi de casual para passivo-agressivo em segundos.
— Você se lembra da Kitty e do Steve — ele acenou com a cabeça para os dois acompanhantes, que sorriram para Frank, fazendo-o se sentir um pouco melhor; mas só por um momento. — Você os conheceu no funeral da mulher que você matou, sabe.
Frank abaixou a cabeça, sem saber onde enfiar a cara, mas viu Linda lançar um olhar assassino para Jimmy.
— Foi um acidente e você sabe — ela afirmou, sem qualquer receio na voz. Por algum motivo, Jimmy parecia ter criado algum respeito por Linda, porque não rebateu.
— Como ele tá? — perguntou, focando-se em Frank de novo.
— Disseram que ainda inconsciente. Assim que ele acordar, vão avaliar seu estado mental, e se estiver bem, vão fazer perguntas sobre o que ele lembra, o que sente, essas coisas.
Jimmy assentiu novamente e achou uma cadeira próxima para se sentar.
— Não ligue pra ele — Kitty falou para Frank ao passar perto dele, surpreendendo-o um pouco. — Nós sabemos que você não é mal. Ou Gerard não teria te escolhido.
Frank sorriu, sem jeito, e voltou para seu lugar.
As horas continuaram a passar. A madrugada chegou e, apesar de terem sido informado que Gerard acordara, não sabiam de mais nada. Jimmy estava a ponto de invadir todos os quartos até achá-lo; e, sinceramente, Frank também.
Finalmente, quando Ray já estava dormindo encostado a uma parede e Steve lutava para se manter acordado, o médico se aproximou deles. Todos levantaram em um pulo, acordando Ray e trazendo Steve de volta à ativa.
— Ele está bem — foi a primeira coisa que ouviram, o que causou uma onda de suspiros aliviados, mas todos também sabiam que não era só isso. — Ele tem total consciência de si mesmo e do que aconteceu. Ele descreveu seu trauma em detalhes, com alguns colapsos no processo, mas isso é de se esperar.
— E os alters? — Jimmy perguntou antes que Frank pudesse. — Estão lá?
— Ainda é cedo para saber, mas ao que parece, Gerard é só Gerard.
Frank se sentiu sorrir de leve. Pelo menos algo tinha dado certo.
— Quando vamos poder vê-lo? — ele quis saber, ansioso.
— Em breve. Ele está descansando, tanto o corpo quanto a mente, mas acho que será bom para ele ver os amigos.
Todos assentiram e se viraram para sentar de novo, exceto Frank. Ele deu um passo à frente e falou mais baixo com o médico.
— Você disse que ele descreveu o trauma... ficou documentado?
— Sim, e pode e será usado como prova criminal.
— Eu... posso ver?
— Sinto muito, é confidencial, eu não...
— Por favor — Frank mal percebeu quando começou a suplicar. — Pergunte a ele se ele quer que eu saiba. Se ele quiser, por favor não faça com que ele tenha que repetir tudo.
— Sr. Iero, eu realmente...
— Por favor. Eu sei que você tem um voto de sigilo, mas se ele próprio escolher me mostrar, você não pode negar!
O homem crispou os lábios, pensativo. Era claro que isso ia contra sua doutrina, mas ele já parecia tocado pela própria história de Gerard. A adição de Frank, implorando daquela forma, era demais.
— Vou ver o que posso fazer.
Frank agradeceu profusamente e voltou ao seu lugar.
Após alguns minutos, ele foi chamado para o corredor mais próximo, que era fechado ao público. Jimmy pareceu querer esmurrá-lo por isso, mas ele foi de qualquer jeito. Lá, o mesmo médico — Dr. Campbell — o entregou uma pasta leve, com apenas algumas folhas dentro. As duas primeiras eram a ficha de Gerard; as outras quatro, o relato dele.
Frank agradeceu mais uma vez, feliz por saber que Gerard realmente queria que ele soubesse.
— Ele só pediu para dizer uma coisa — Dr. Campbell falou antes de sair. — Para que você não chorasse.
Frank notou que mesmo com o exterior profissional, Dr. Campbell pareceu um pouco sentido ao dizer aquelas palavras, como se ele próprio tivesse achado difícil não chorar. Frank respirou fundo e escorregou para o chão, cruzando as pernas e começando a leitura.
Ele quebrou a promessa que não fez mais rápido do que achou que iria. Antes de chegar à metade da segunda página, já estava chorando, tentando tomar cuidado para que suas lágrimas não manchassem o que agora era um documento oficial. Ao terminar, Frank continuou ali, meio entorpecido, meio incrédulo.
Ele já não sabia mais se valia a pena Gerard se lembrar de tudo aquilo, mesmo que fosse para viver sem os alters.
Enxugando os olhos com um pouco de violência, Frank se levantou de novo, bem quando Dr. Campbell voltava. O médico lançou-lhe um sorriso solidário ao ver seu rosto molhado, mas não disse nada. Simplesmente andou até a porta do corredor e chamou pelos outros, que ainda estavam na sala de espera.
Quando se voltou, ele se dirigiu a Frank.
— Está na hora de vê-lo.
Nancy Boy- Admin
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Re: I'm a Fake
Capítulo 32
O quarto ficou apertado com todos ali, então Linda e Ray decidiram esperar do lado de fora até que alguns deles cedessem o espaço.Você esqueceu de novo, breezy -qqq (é brincadeira, tá, só comente quando quiser, sério!)
Anyway, aqui está meus amores <3
Frank foi o primeiro a entrar, claro, e imediatamente correu para a cama, onde Gerard esperava com um sorriso cansado. Sem pensar em mais nada, ele abraçou o mais velho, que retribuiu ansiosamente.
— Gee, Gee, eu sinto muito, eu sinto tanto... — Frank só percebeu que estava soluçando quando começou a falar.
— Shh, eu sei, eu estou bem agora... olha pra mim. — Gerard pediu, e Frank obedeceu, afastando-se um pouco. — Não chore, eu pedi pra não chorar.
— Eu sei, desculpa, mas...
— Tudo bem — ele levou uma das mãos para a que Frank apoiava na cama e a apertou gentilmente. — Vai ficar tudo bem.
Frank assentiu, abraçando-o de novo mais uma vez antes de se afastar de verdade e deixar que os outros se aproximassem.
— Hey — Jimmy falou primeiro, analisando Gerard cuidadosamente. — Você tá sendo um punk de merda esses dias, né não? Se metendo em cada coisa...
Gerard deu uma risada fraca.
— Bom te ver também, Jimmy.
Jimmy sorriu, com uma expressão mais sóbria agora.
— Como você tá, cara?
— Estou melhorando. Minha cabeça ainda dói, mas dá pra aguentar. E acho que machuquei meu quadril em algum momento, mas vai passar também.
Frank se encolheu, lembrando-se de Gerard caindo no chão enquanto gritava e suportava as mortes de seus alters. Ele queria poder se livrar da lembrança.
Jimmy só assentiu e deu espaço para Kitty e Steve darem seus cumprimentos também. Frank observou quietamente enquanto eles trocavam algumas piadas e tentavam amenizar o clima, o que pareceu funcionar bem. Kitty, então, disse que iria chamar Ray, e ela e Steve puxaram Jimmy para fora, bem quando ele iria começar a fazer perguntas sobre o estado mental do amigo.
Ray entrou em seguida, acompanhado de Linda, que só acenou com a cabeça educadamente para Gerard, apesar de também parecer um tanto preocupada. Gerard sorriu ao ver Ray, o que causou grande alívio à Frank. Ele imaginara que talvez Gerard acabasse associando Ray ao lugar onde ele morava, à tudo que acontecera, mas felizmente isso não aconteceu.
— Desculpa te dar tanto trabalho... — Gerard começou, mas Ray sacudiu a cabeça vigorosamente.
— Não tem nada pra se desculpar. A não ser talvez que esteja tarde pra caramba, então talvez eu cobre um copo de café depois.
Gerard riu e disse que o pagaria o café em breve. Ray também foi descontraído, não fazendo pergunta alguma, e Frank ficou grato por isso. Em pouco tempo, porém, ele também pareceu notar que precisava deixar os dois sozinhos, e logo tocou no braço de Linda sutilmente ao avisar que iria comer alguma coisa. Ambos saíram, Linda lançando um demorado olhar de aviso para seu filho. Antes de terem privacidade, porém, Dr. Campbell entrou no quarto.
— Ah, achei que você tivesse saído. Temo que vocês tenham pouco tempo; Gerard precisa descansar, faremos mais um exame daqui a pouco.
Gerard se remexeu nervosamente na cama e Frank automaticamente colocou a mão sobre a dele, voltando-se para o médico com um olhar suplicante.
— Mais alguns minutos?
Dr. Campbell sorriu e assentiu.
— Tudo bem — afirmou, mas olhou pesadamente para Frank ao prosseguir: — Se precisarem de algo, alguém estará esperando aqui fora.
Frank murmurou um “ok”, sabendo que ainda consideravam Gerard instável demais para deixar alguém sozinho com ele. Mas Frank não estava com medo, não de Gerard, não agora.
Ele se sentou na beirada da cama e passou a afagar os cabelos do outro, que pareceu se esforçar para não fechar os olhos com o carinho.
— Como você tá? — Frank perguntou, concentrado nos olhos de Gerard e tudo que eles pudessem expressar.
— Bem, como eu disse minha cabeça ainda dói, mas...
— Não, você sabe o que eu quis dizer.
Gerard suspirou, um pouco resignado. Colocou a mão direita sobre uma das pernas de Frank, casualmente, antes de responder.
— Não sei. Estou bloqueando as lembranças. Não como antes — ele acrescentou rapidamente ao ver que a expressão de Frank começar a mudar. — Não é amnésia, é uma decisão consciente. Bem, você pode entender porquê.
Frank assentiu. Entendia bem demais.
— E... e os outros? — Frank perguntou timidamente, deixando de acariciar os cabelos de Gerard, simplesmente deixando a mão sobre seu rosto.
— Eu não tenho certeza... mas acho que se foram.
Um pequeno sorriso tomou os lábios dos dois antes do mais velho continuar.
— Eu tive alguns... momentos bem intensos, com o Dr. Campbell. Mas não esqueci de nada. Era eu, o tempo todo, e sei que um deles teria aparecido se estivessem aqui. Provavelmente Jared. Mas...
— ... mas?
— É... é estranho — Gerard suspirou novamente, trazendo a mão lilvre para os próprios cabelos, em um ato nervoso, o que fez Frank repousar a própria mão sobre o peito do outro. — Eu nunca me senti daquela forma antes. É de se esperar, claro, já que eu não lembrava antes, mas... eu acho que... acho que senti o que Jared sente quando ele aparece. Aparecia. Entende?
— Você acha que você passou por uma integração? — Frank questionou, meio assombrado, meio admirado. — Com todos eles?
Gerard fez uma careta, mas concordou.
— Estou achando que sim. Ainda sou eu, mas... acho que ainda estão todos aqui. Só que agora eles são minha personalidade. — ele sorriu de novo, suavemente. — Só minha.
Frank sorriu mais abertamente e se abaixou para beijá-lo, meio eufórico. Um pedaço de sua mente o fez lembrar de Geoffrey, e de como ele jamais desejaria que Gerard fosse assim, mas ele empurrou o pensamento para longe. Isso significaria que, de alguma forma, os outros não morreram? Gerard poderia agir como Gabriella às vezes, ou como Gabe, ou até Gus? Isso seria um Gerard totalmente novo... e ao mesmo tempo, não. Frank não sabia bem o que sentir ou esperar, então simplesmente aproveitou o beijo que davam no momento, até ouvir a porta do quarto ser aberta.
Ele se sentou de novo e olhou rapidamente para Dr. Campbell, sabendo que precisava ir embora. Antes que pudesse se levantar, porém, sentiu a mão de Gerard apertar sua coxa, atraindo sua atenção de novo.
— Você ainda está com todos aqueles papéis do Ray? — Gerard perguntou apressadamente, numa voz baixa e meio rouca, sem que o médico pudesse ouvi-lo. Frank assentiu. — Pode me fazer um favor? Só... só descubra o que aconteceu com ele.
Frank não precisava perguntar para saber que “ele” era o homem do retrato-falado. Ele disse que sim, e deu mais um selinho no namorado antes de ir embora. Agradeceu Dr. Campbell e perguntou quando poderiam visitá-lo de novo.
— Amanhã, ou melhor, daqui a pouco, ja são quase cinco horas. Você devia ir para sua casa, descansar um pouco. Às onze da manhã abriremos para visita, e ligaremos caso aconteça alguma coisa.
Frank agradeceu novamente e acenou para Gerard, esperando que o exame não fosse muito terrível para ele. Sabia que envolvia reviver o pesadelo, o trauma, para terem certeza de que ele poderia ser liberado sem apresentar perigo à si mesmo ou aos outros. Não tinha ideia de quando ele teria alta, mas esperaria o quanto fosse necessário.
Enquanto isso, ele tinha uma missão. E esperava completá-la antes da próxima visita. No estado em que estava, não conseguiria dormir, de qualquer jeito.
O que vocês acham que aconteceram com o cara?
E GENTE eu comecei um curso de Jornalismo nesse sábado e LKSAHFKLAFHLAF <3333 Se continuar assim, descobri minha profissão! *-*
Nancy Boy- Admin
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Re: I'm a Fake
Olha, se vc for usar, use em um personagem fdp u.u mas só nesse caso -q dkwnkdnsdksm
Ah tive sim, mas eu tenho praticamente toda semana então já to acostumada dknakdmald mas não é nada tenso ^^
Mxlqmdowmdk desculpa ;-; é q eu leio fics lá por umas 3 ou 4 da manhã, tipo, antes de dormir. Ai quando eu termino eu to mt cansada pra comentar, ai eu deixo pro outro dia. E é claro q eu esqueço JDOMWODWMD
e.e tadinho do Gee e.e tadinho do Frank e.e
Olha, eu realmente não faço a mínima ideia do q pode ter acontecido, mas pensando bem, agora seria a hora de usar aquelas paradas de tortura NLDWMODMSKDMWKMDOWMDOW -q
Ta gostando do curso? *o* q bom o/
Jdkwmdow
Tchaaaau =3
Ah tive sim, mas eu tenho praticamente toda semana então já to acostumada dknakdmald mas não é nada tenso ^^
Mxlqmdowmdk desculpa ;-; é q eu leio fics lá por umas 3 ou 4 da manhã, tipo, antes de dormir. Ai quando eu termino eu to mt cansada pra comentar, ai eu deixo pro outro dia. E é claro q eu esqueço JDOMWODWMD
e.e tadinho do Gee e.e tadinho do Frank e.e
Olha, eu realmente não faço a mínima ideia do q pode ter acontecido, mas pensando bem, agora seria a hora de usar aquelas paradas de tortura NLDWMODMSKDMWKMDOWMDOW -q
Ta gostando do curso? *o* q bom o/
Jdkwmdow
Tchaaaau =3
breezy- Mensagens : 44
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Re: I'm a Fake
Capítulo 33
Frank foi conversar com Ray sobre o pedido que Gerard fez assim que voltou para a sala de espera. Todos pareciam mais leves agora, e Jimmy, Kitty e Steve já se preparavam para ir embora. Voltariam para a segunda visita, depois da próxima; agora realmente precisavam dormir.breezy: Vou tentar deixar só nesse caso -qqq E ok né, se você diz. UAHSUAHSAU Eu entendo, não se preocupa. Seria uma ótima hora agora UAHSUAHSUASHAUS Mas vamos ver o que aconteceu -q E sim, tô gostando muito do curso <333
— Posso voltar para sua casa com você? — Frank perguntara, ansioso. — E usar seu computador? É bem mais perto e eu realmente preciso fazer isso logo...
— Claro, tudo bem, eu preciso voltar de qualquer jeito, estou morrendo de sono. Vamos?
Frank assentiu e se virou, só então se lembrando de sua mãe, que o encarava com os braços cruzados, tendo ouvido tudo.
— Vai aonde?
— Na casa do Ray. Gerard me pediu pra...
— Frank. Acho que você já fez bastante por Gerard. Mais do que devia.
Linda o lançou um olhar severo, que Frank conhecia como “não vamos discutir aqui”. Mas ele não estava disposto a dar o braço a torcer.
— Mãe, o Ray nos ajudou pra caramba, não vai ter problema se...
— Não tenho problema algum com Ray, filho, mas você ainda está se recuperando do que aconteceu com... — ela limpou a garganta antes de continuar. — Com Geoffrey, e precisa descansar.
— Agora não dá. Se eu pudesse eu iria, mas estou preocupado, e preciso fazer isso. Não é só pelo Gee, é por mim também. Eu preciso descobrir o que aconteceu com o filho da puta que fez aquilo com ele.
Linda ficou em silêncio por alguns segundos, até suspirar e deixar cair os braços.
— Quem vê até pensa que eu te mimo... — ela resmungou, mas assentiu. — Tá, mas volta para casa amanhã, isso é uma ordem!
Frank sorriu e prometeu que iria logo após a visita da manhã seguinte. Eles então se despediram, e, após também se despedir de Kitty, Steve e um Jimmy ainda mal-encarado, Frank e Ray deixaram o hospital.
Tiveram que pegar um ônibus e andar um tanto, ja que haviam ido ao hospital de ambulância e esqueceram de pedir carona para alguém, mas não demorou tanto. Ao chegar, Frank imediatamente se apoderou do laptop do amigo, com os jornais todos em mãos, e Ray não demorou muito a dormir no sofá perto dele, depois de dizer para que ele ficasse à vontade. Frank o diria para ir para cama, mas acabou se lembrando que eles ainda não se conheciam tão bem assim, e que ter um quase estranho em sua casa já é assustador o bastante sem que você esteja longe para que ele possa roubar tudo o que quiser.
Ignorando os ocasionais roncos, Frank passou a procurar por termos e palavras-chave que o levassem ao caso de Gerard. Não demorou muito; achou um site que servia exclusivamente para contar sobre casos famosos de assassinatos e torturas.
“Dupla Clockwork, como ficaram conhecidos os mais perturbadores assassinos que Jersey viu na década de 80, tiveram um final abrupto em suas perseguições quando um pequeno sobrevivente matou um deles e afugentou o outro. O garoto perdeu a memória....”
Frank desceu mais e mais, não querendo reler o que já sabia. Até chegar na parte importante.
“Com o retrato falado, a polícia pôde encontrar o fugitivo, depois de mais de seis semanas, vivendo em New York. Seu nome era Matthew Prine e ele tinha 27 anos. Ele foi levado à julgamento, e houve grande polêmica a respeito do possível testemunho do menino. Ele poderia ser uma peça fundamental para a prisão definitiva de Matthew, mas psiquiatras afirmavam que ver o causador de seu trauma poderia causar-lhe danos irreparáveis. A decisão foi definida quando o pai do garoto negou-se a entregá-lo para o processo.
Assim, um julgamento demorado teve início, com nada além de um retrato falado e um vizinho como testemunha para tentar colocar o monstro atrás das grades. A defesa tinha um ótimo caso, e tudo parecia perdido- até um ‘extra’ inesperado entrar pela porta da frente.
Mais uma criança, então com cinco anos, completou o caso. Seu nome não foi divulgado à princípio, para proteger a ele e sua família, mas quando eles decidiram testemunhar, a exposição foi inevitável. O menino havia visto as imagens de Matthew na televisão e, para surpresa de seus pais, começou a chorar imediatamente. Eles perguntaram o que havia acontecido, e por um tempo ele só conseguiu apontar para Matthew e soluçar coisas ininteligíveis. Então ele explicou que já vira aquele homem antes, na escolinha onde estudava.
Matthew havia enganado a diretoria — ou, mais provavelmente, ameaçado — e ido buscar uma das alunas. O menino, que era o único conversando com ela na sala onde esperavam seus pais, sabia que Matthew não era o pai da amiga. Ela não queria ir com ele, e o menino também tentou impedi-lo, mas ele o bateu e levou a menina embora, impedindo-a de gritar. O garoto ficou muito assustado para contar o que acontecera, e quando seus pais perguntaram sobre o roxo no rosto, ele só disse que caiu.
Até o momento da TV. A família debateu muito, mas decidiu usar o filho no caso.
‘Esse monstro precisa ser preso’, a mãe disse em entrevista. ‘Eu não consigo dormir sabendo que ele ainda está livre. Não queria envolver meu filho, e não vamos pressioná-lo, mas temos que ajudar.’
E a ajuda foi muito bem-vinda. Com a novidade, outra investigação foi aberta, o que resultou no fechamento da escolinha e em mais testemunhas infantis e adultas, que viram Matthew passar por elas no dia em questão. Com as provas se acumulando, o caso foi sendo vencido, e eventualmente Matthew foi condenado à prisão perpétua.
Em menos de duas semanas, os jornais ficaram sabendo de sua morte. O legista do sistema penitenciário confirmou que Matthew sofrera diversas agressões e estupros ao longo do tempo em que estivera lá, até ser morto por socos, chutes e uso de armas brancas.
E esse foi o fim da Dupla Clockwork de uma vez por todas.”
Frank ficou encarando a tela por alguns minutos. Ele saboreava a visão daquele homem sendo morto na prisão; gostava de imaginá-lo apanhando dia após dia, os bandidos que tinham filhos e filhas e mulheres apredejando-o e o fazendo sentir ao menos um décimo do que ele havia causado.
Mas ele também pensava no menino que ajudou tanto. Um garoto de cinco anos, corajoso o bastante para ser testemunha em um caso daquele tipo. Ele sentiu uma súbita vontade de conhecer o homem que ele havia se tornado. Devia ter uns 30 anos agora...
E talvez fosse uma boa ideia. Frank sabia que Gerard se sentiria impotente; por mais que o final daquele homem tenha sido ruim, Frank só conseguia imaginar como seria para Gerard saber que, durante a maior parte de sua vida, durante todos os anos em que ele teve de lidar com sua condição psicológica, aquele maldito já estava morto. Era injusto, e Frank queria poder fazer algo a respeito. Não podia, mas talvez, só talvez, conhecer o tal menino fosse de alguma ajuda para Gerard. Frank não podia deixar a oportunidade passar.
Voltando ao mecanismo de busca, ele passou mais algum tempo tentando achar o nome do garoto. Eventualmente, conseguiu, e mais algumas pesquisas em listas telefônicas online o fizeram achar seus possíveis telefones, que ele anotou no primeiro pedaço de papel que achou na sala.
Ainda era muito cedo, então ele decidiu comer algo — Ray disse que ele poderia ficar à vontade, afinal — e tentar descansar antes de ligar e voltar para o hospital. Sua mente ainda gritava com tudo que acontecera e as possíveis consequências, mas ele forçou-se a ficar calmo e permitiu-se pensar que, quem sabe, tudo aquilo terminasse bem.
Eeee eu não dei o nome do menino de propósito, rçrçrç.
xoxo~
Nancy Boy- Admin
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Re: I'm a Fake
Capítulo 34
Acordou um pouco atrasado, em um pulo, como se tivesse lembrado repentinamente durante o sono que o horário de visitas estava próximo. Ray ainda dormia no sofá em frente, e ele achou melhor não acordá-lo. Rapidamente, limpou o que sujara na cozinha antes de cair no sono, deu alguns tapinhas no rosto para ver se acordava direito e escreveu um bilhete apressado agradecendo Ray pela milésima vez e dizendo que estaria no hospital.
Chegou dez minutos depois do início do horário, afobado, mas o enfermeiro que o levou até o quarto garantiu que ainda teriam ao menos 50 minutos. Frank agradeceu e empurrou a porta de leve ao entrar, encontrando Gerard dormindo.
Frank sorriu ao encostar a porta e se aproximar, admirando a beleza calma do namorado, seu peito subindo e descendo suavemente, sem sinais de nenhuma agitação ou sonho ruim. Ele sentou na beirada da cama como fizera anteriormente, e, com cuidado, afastou os cabelos do rosto de Gerard e se abaixou para beijá-lo na testa. Não pensou que poderia ser uma ideia ruim.
O mais velho despertou imediatamente, assustado, e colidiu a cabeça com a do outro. Frank gemeu um pouco em dor e se endiretou, ainda sentado, sem entender à princípio. Então viu o olhar de pânico em Gerard e se arrependeu amargamente de não ter pensado melhor. É lógico que ele pdoeria se assustar, ele ainda estava traumatizado!
— Gee, desculpa, sou eu, desculpa... — ele disse baixinho, tentando confortá-lo, mas sem saber se deveria tocá-lo.
Gerard ainda levou alguns segundos para acalmar a respiração e focar em Frank, mas assim que o fez, soltou um suspiro aliviado.
— Tudo bem, eu não sei... não sei o que aconteceu...
— Você tá bem agora?
— Sim, sim. Com você aqui tudo fica melhor.
Frank sentiu-se sorrir de novo e considerou seguro beijá-lo, dessa vez nos lábios, de forma lenta e carinhosa. Gerard suspirou de novo entre o beijo, como se só agora tivesse tido real certeza de que era Frank.
Eles se afastaram e Gerard o observou melhor.
— Frank, você está com a mesma roupa. Devia ter descansado...
— Eu descansei! É que foi na casa do Ray, que aliás ainda deve estar dormindo. Ele é meio besta em questão de segurança da casa.
Ambos riram de leve, mas Gerard desviou o olhar, e Frank pôde entender que, mesmo que ele não associasse Ray ao ocorrido, sempre associaria a casa. Frank quis mudar de assunto desesperadamente.
— Como foi sua manhã? — perguntou de repente. — Comeu nhaca de hospital?
Gerard riu de novo, mais verdadeiramente agora, e assentiu.
— É muito boa, na verdade, um café da manhã bem mais saudável do que qualquer um que eu tome normalmente.
— Bem, acho que eles não vão entupir os pacientes de gordura aqui, né.
— Acho que não, mas não tem como bacon não ser saudável, tem?
Frank riu e sacudiu a cabeça.
— Com esse tipo de pensamento você vai longe, gordinho.*
Eles prosseguiram com amenidades enquanto foi possível, tornando a conversa como o que geralmente era entre eles, como se não estivessem em um quarto de hospital e Gerard não tivesse acabado de enfrentar o maior trauma de sua vida. Os minutos passaram e Frank sabia que não teriam muito tempo, então foi ele que trouxe o assunto de sua “missão” á tona.
— Então... sobre aquilo que você pediu... — ele começou, e os olhos de Gerard mudaram na hora, indo de afáveis para impenetráveis. Suas feições endureceram e ele se endiretou na cama, agora já sentado, esperando que Frank continuasse. — Eu consegui descobrir algumas coisas.
Frank resumiu o julgamente e prisão de Matthew, analisando a reação de Gerard, que permaneceu com o olhar para baixo. Em certos momentos pode notar seus dedos tremendo, mas então Frank pegava as mãos dele entre as suas e conseguia acalmá-lo um pouco.
Ao terminar, deixou que as notícias se assentassem por alguns momentos antes de mencionar sua ideia.
— E aí eu estava pensando... esse menino — Gerard olhou para ele atentamente de novo. — Eu descobri nome e telefone dele, e, bem, será que...
— Você quer que eu o conheça?
— Isso. Se você quiser, claro, é que eu achei que talvez...
— Sim.
Frank piscou, meio surpreso com a velocidade da decisão. Mas Gerard parecia mesmo determinado.
— Eu quero.
— Certo, ok. Você... você sabe que ele não passou por nada, não de verdade, não sabe? Quero dizer, nada comparado ao que... você sabe.
Gerard sacudiu a cabeça.
— Não é essa a questão. Ele teve que encarar aquele homem em julgamento, e isso com... cinco anos, foi o que você disse? Ele viu, conversou com ele, sentou lá enquanto ele era acusado. Ele... ele fez o que eu deveria ter feito...
— Hey, para com isso — Frank interrompeu. — Você estava instável demais, e não teve escolha, de qualquer jeito. Seu pai decidiu que não te envolveria, e nós dois sabemos que foi pra te proteger.
Gerard suspirou, ainda não inteiramente convencido. Qual é a das pessoas se culpando por todas as coisas?, Frank pensou. Por que fazemos isso?
— Tudo bem — Gerard disse eventualmente. — Mas eu realmente quero falar com ele.
— Eu vou tentar entrar em contato com ele hoje, assim que terminar a visita.
Gerard concordou, e em menos de um minuto, tiveram mais um “visitante” no quarto. Era uma mulher, de jaleco, maquiagem leve e o cabelo loiro preso em um coque, entrando sem aviso mas com um simpático sorriso no rosto.
— Olá, sou a doutora Marina Lambrini, estarei supervisionando Gerard nesse turno. Você deve ser Frank, certo? Vi seu nome no formulário de visita.
Ela estendeu a mão e os dois se cumprimentaram, enquanto Gerard sorria educadamente para a nova médica.
— Estou aqui para te dar algumas informações, Frank, sobre seu...
— Namorado.
— Namorado — ela repetiu, sorrindo de novo, dessa vez mais largamente. Frank sempre achou engraçado a animação de algumas pessoas, especialmente mulheres, ao verem casais gays. Ele gostava, e com um breve olhar trocado com Gerard, soube que o mais velho também. — Bem, não há muito o que dizer, você já falou com Dr. Campbell sobre o básico. Gerard está indo muito bem, e provavelmente poderá sair daqui em breve. Só queremos mantê-lo até amanhã de noite, e caso ele se mantenha estável até lá, poderemos liberá-lo.
— Terão alguma recomendação? — Frank perguntou, sentindo a mão de Gerard procurá-lo, o que ele concedeu.
— Sim, mas falaremos sobre isso quando ele tiver alta. Talvez ele precise de algumas medicações, mas ainda estamos avaliando.
Frank assentiu.
— E... ainda sem sinais dos outros? — ele perguntou finalmente, em voz baixa.
— Não. Pelo o que podemos analisar, eles realmente se foram.
Frank ainda não conseguia acreditar. Era como se aquilo, os alters e tudo o mais, fossem parte de Gerard. Ele ainda não se acostumou com a ideia de um Gerard novo. Aliás, isso ainda o assustava um tanto. Mas Marina sorria, assim como Gerard, e ele se sentiu relaxado.
— Tudo bem. Quanto tempo ainda temos?
— Dez minutos. Se tiver alguma dúvida, é só mandar algum enfermeiro ou enfermeira me chamar, ok?
Ela os deixou logo, e Frank e Gerard decidiram passar o resto de seu tempo juntos em silêncio, com Frank praticamente deitado ao lado, brincando com o cabelo e roupas um do outro — no caso de Gerard, a camisola do hospital — e distribuindo beijos aleatóriamente, até que Frank precisou ir embora.
Seu coração afundou ao deixá-lo lá, sem saber ainda se ele ficaria bem ou não, mas Frank tinha algo a fazer.
Assim que saiu do hospital, se apoiou na parede do lado de fora e pegou o papel onde anotara os números que achara nas listas telefônicas.
As primeiras três tentativas foram falhas; nenhum deles era o homem que procurava. Na quarta, porém, ele conseguiu.
Depois de confirmar seu nome, o homem deu risada, sem motivo aparente, e Frank franziu o cenho.
— Você... você tá me ouvindo?
— Oi? Tô sim, seu nome é o que mesmo, Frank? — e ele deu risada de novo. — Desculpa, tem um imbecil aqui me atrapalhando, o que é mesmo que você queria?
Frank hesitou. Ele parecia estranho... parecia bêbado ou algo assim, e Frank pôde ouvir a voz de outro homem do outro lado da linha. Pensou se talvez aquilo não fosse uma boa ideia, afinal. Mas ele prometera para Gerard, então...
— É sobre Matthew Prine.
O silêncio caiu como uma pedra. O homem ao fundo falou mais alguma coisa, mas foi calado.
— O que você sabe sobre ele?
Frank se surpreendeu e apreciou a mudança de tom. Talvez esse cara pudesse ser sério quando precisava.
— Bem, é sobre... sobre o menino que sobreviveu, que o fez fugir. Ele... ele acaba de lembrar o que aconteceu, e não conhecemos ninguém que possa falar com ele, então...
— Pode trazer ele pra cá — o homem respondeu de imediato, para surpresa e ligeira desconfiança de Frank. — Eu sempre quis conhecer aquele garoto, mas achavam que eu falaria demais e seria perigoso para ele.
— Por que sempre quis conhecê-lo?
— Para saber se fiz a coisa certa.
Frank piscou, sem entender. Como poderia ele não saber disso? Mas então lembrou-se; ele tinha cinco anos, e não entendia realmente o que estava acontecendo. E, convenhamos, uma criança não é tão difícil de ser manipulada. Isso deve ter pesado em sua mente por muito tempo.
— Onde você mora?
Frank correu de volta para o hospital para achar uma caneta quando obteve resposta, e anotou o endereço, do lado norte da cidade, mais perto de onde ele e Gerard moravam, mas ainda assim um tanto longe.
Frank agradeceu e disse que ligaria quando pudessem marcar uma data e horário.
— Tá. Faz um favor? Diga pra ele que sejá la o que foi que aconteceu naquele porão... ele foi um herói.
Frank sentiu a garganta apertar e prometeu dizer isso à Gerard. O homem desligou rápido, e Frank ficou em dúvida se aquilo tinha mesmo dado certo, mas não tinha porque achar que não. Pelo jeito mais gente era como Ray, dispostos a ajudar quem viesse pela frente.
Frank guardou o celular, o papel com o endereço e saiu de novo, dando uma última olhada para o hospital antes de ir atrás de um ônibus que o levasse para o apartamente da sua mãe.
gordinho = foi uma homenagem a Burn Bright, caso alguém aqui leia vai reconhecer -q
xoxo~
Nancy Boy- Admin
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Re: I'm a Fake
Capítulo 35
— Você me enganou.
Frank se encolheu. Estava sentado no sofá, diante de sua mãe, que agora se colocava de pé em frente a ele. Depois de chegar, haviam conversado calmamente sobre Gerard e o novo plano de Frank, de fazê-lo conhecer o menino do julgamento, mas essa conversa rapidamente os levou ao que Frank estava evitando esse tempo todo.
— Você me enganou — Linda repetiu, os olhos brilhando de raiva. — Saiu escondido de casa, como se tivesse 15 anos! Não acredito que Jimmy fez aquilo só pra... porra, Frank, você me enganou!
Frank entendia porque isso a magoava tanto. Ela era sua mãe, afinal, e eles sempre tiveram uma ótima relação. Apesar de todas as briguinhas, apesar da revolta adolescente pela qual ele passou — e às vezes ainda passava — com ela, eles se amavam e, acima de tudo, se respeitavam. E era isso que mais a machucava agora: ele a havia desrespeitado.
— Eu precisava.... — Frank tentou de novo, baixinho, o olhar focado no segundo sofá da sala.
— Não, não precisava! Não naquela hora! Eu só queria que você tivesse tido tempo para se recuperar, só isso, te mataria esperar alguns dias?
Agora Frank a encarou, os olhos ligeiramente cerrados.
— Você teria me deixado ir depois de alguns dias?
— Não — Linda respondeu sinceramente, cruzando os braços. — Mas também não seria idiota ao ponto de achar que você ficaria em casa enquanto eu voltasse para o trabalho. Mas eu nunca, nunca poderia imaginar que você fugiria no primeiro dia! Eu esperava um mínimo de bom-senso, filho!
Frank desviou o olhar de novo.
— Gerard iria acabar indo sozinho se eu demorasse, e eu não sei o que teria acontecido com ele se ele fosse sozinho.
Linda suspirou pesadamente e colocou uma mão na têmpora direita.
— E por que ele não poderia esperar? Depois de uma vida inteira, uma semana não deve ser tão difícil...
— Mãe — Frank falou mais firmemente. — Você não pode agir como se soubesse o que é estar na pele dele. Nenhum de nós sabe.
Linda se calou, e então suspirou de novo.
— Tá, tá. Mas eu ainda estou decepcionada com você, Frank.
— Eu sei... — Frank se levantou, devagar, e ficou com o rosto rente ao da mãe. — Foi uma ocasião única, juro que isso nunca vai acontecer de novo. Ok? Eu prometo.
Linda balançou a cabeça, exasperada, mas o puxou para um abraço.
— Você tem sorte que eu te amo, moleque.
Frank riu baixinho e a apertou por um momento antes de se afastar.
— Eu sei disso também.
Linda sorriu fracamente e o mandou ir para o quarto, como vivia fazendo quando Frank tinha 12 anos, o que só o fez rir de novo, mas ele foi.
Jogando-se na cama, sem nem tirar as roupas, Frank recuperou o sono perdido até o horário da visita noturna no hospital. Linda o deixou ir sozinho, só o emprestou o carro, e lá ele encontrou novamente Jimmy, Kitty e Steve. Ray ligara dizendo que teria de ficar no trabalho para recuperar a manhã perdida.
Tudo ocorreu mais levemente, sem pressão por parte de ninguém, e o tempo passou muito rápido. Quando ganharam alguma privacidade, Frank só teve chance de falar que conseguira contatar o tal menino e ver Gerard assentindo antes de ir embora. Ele não queria, mas sabia que devia descansar mais e deixar as dores do que acontecera com Geoffrey sumirem de vez; ele teve alguns momentos de fraqueza durante o dia, aquele apagão momentâneo na mente, mas era de se esperar, ja que ele não parou quieto.
No dia seguinte, porém, ele não conseguiu ficar sossegado por muito tempo. Na primeira visita do dia foi mandado de volta, os médicos dizendo que Gerard acabara de ter uma recaída e que poderia estar agressivo. Frank se sentiu desmoronar, suas esperanças de uma melhora completa esmagadas. Surpreendentemente, Jimmy o consolou, tendo ido na visita também. Consolou de uma forma meio estranha, dizendo que Frank era estúpido se achava que seria fácil, mas era o jeito dele. Frank se sentiu um pouco agradecido, de qualquer forma. Com aquilo, porém, Gerard iria ter de ficar por mais algum tempo internado.
Os dias foram passando, Frank comparecendo em todas as visitas, até mesmo depois de ter de voltar para a faculdade. Ele corria do hospital para o prédio onde estudava, sempre chegando atrasado, e saía mais cedo para pegar a visita noturna, mas não perdia uma. A Pencey Prep ficou parada, mas felizmente seus colegas de banda entenderam o lado dele. Gerard teve mais duas recaídas naquela semana, mas Frank pôde vê-lo. Quase desejou não ter podido; em uma delas, que aconteceu precisamente durante a presença dele ali, Gerard começou a chorar tão violentamente que faltou-lhe ar para respirar, e Frank chamou uma enfermeira, desesperado, sem saber que não havia nada a fazer naquela situação a não ser acalmar o namorado. Depois de engasgar e realmente ficar roxo por não conseguir parar com as lágrimas, Gerard melhorou, segurando na camiseta de Frank como se sua vida dependesse daquilo, enquanto o mais baixo o apertava contra seu peito seguramente.
Na segunda vez, Frank não viu, mas soube pelos médicos que ele havia se jogado da cama para o chão e quase quebrado o braço pela forma como caiu. Frank não mencionou nada quando o viu, mas passou os dedos pelo braço machucado levemente, o que fez Gerard ofegar e o abraçar repentinamente.
Por fim, Gerard ficou internado por duas semanas. Frank lidou com toda a papelada durante esse tempo, tendo tipo permissão de Gerard para pagar com as próprias despesas dele — apesar de Frank ter ajudado um pouco nos custos, também. Os dois tiveram uma conversa com Dr. Campbell sobre como deveriam agir de agora em diante, os remédios que Gerard precisaria tomar e os cuidados que Frank precisaria ter. Ainda havia a possibilidade de novas recaídas, mas eles achavam que elas diminuiriam gradativamente, e os calmantes não deixariam que Gerard se tornasse agressivo de repente. Eles assentiram para tudo que ouviam, ansiosos para sair de lá.
Depois de garantirem terem entendido tudo, eles foram liberados, e Ray, Jimmy e seus amigos estavam todos lá para comemorar. Ray fez questão de que fossem todos para sua casa, e que aquilo seria algum tipo de festa. Gerard parecia surpreso e até um pouco assustado, mas seu sorriso era sincero. Frank pôde ver o quanto ele estava agradecido pelos amigos que tinha, e achou que os outros viram, também.
A noite foi regada de pizza, cerveja, filmes e video-game. Kitty conseguia ser párea para Ray, e os dois brigaram com os controles por muito tempo antes de Jimmy desligar o console de repente e obrigar todos a assistirem um filme de comédia bem estúpido. O tempo passou voando, e Gerard se viu rindo mais vezes do que achou que seria possível, mesmo com a sombra de suas memórias a perseguí-lo. Frank não se desgrudou dele em nenhum momento, sempre tocando-o de alguma forma, e isso pareceu deixá-lo reconfortado.
Apesar de tudo, Gerard quis ir embora logo. O lugar o deixava desconfortável, por mais longe que estivessem do porão. Frank percebeu, e avisou Ray sutilmente. Achou que não teria problemas em irem embora, porém, já que Ray parecia ter se dado muito bem com os outros. Com algumas despedidas já meio bêbadas de Jimmy e sorridentes de Steve, Kitty e o amigo cabeludo, eles foram embora.
A viagem para casa foi, no geral, silenciosa, mas confortável. Música tocava e os dois cantavam junto quando reconheciam a canção, e até parecia que não havia nada de diferente. Gerard até passou a olhar para Frank quando estavam chegando, daquela forma que ele sempre olhava quando tinha algo planejado... mas, apesar de adorar aquele olhar, Frank achou um pouco estranho naquela ocasião.
Ao estacionar na garagem de Gerard, o jeito que o mesmo o fitava ficou mais evidente, com menos pudor. Frank se sentiu mais agitado, ainda que uma vozinha ainda o disesse que tinha algo de errado ali.
Assim que eles entraram e fecharam a porta, Frank viu que a situação era séria. Gerard se jogou sobre ele, beijando-o nos lábios e por vezes no pescoço, fazendo com que Frank se animasse mais, cada vez mais rapidamente. A vozinha foi sumindo, enquanto ele tentava se convencer de que Gerard devia estar com toda aquela vontade por terem passado tanto tempo sem fazer nada.
As mãos do mais velho se colocaram em sua cintura, primeiro por cima e depois por baixo de sua camiseta, e Frank levantou os braços para que ele a tirasse. Os olhares famintos se encontraram só por um momento, antes de se beijarem de novo, com mais ferocidade do que antes, as mãos enroscadas nos cabelos um do outro.
Tropeçando, Frank os guiou para o quarto, enquanto lutava para abrir o próprio zíper sem quebrar os contatos com Gerard, que fazia o mesmo. Eles entraram e caíram na cama, Frank por cima, agora já com a calça na altura dos joelhos. Ele a empurrou mais e a chutou para longe quando pôde, ficando só de cueca, para então ajudar Gerard a fazer o mesmo.
Ambos quase nus, voltaram ao trabalho, dessa vez Frank de lado, com Gerard quase por cima dele. Frank ofegou quando a mão do namorado passou por cima de seu membro, já totalmente rígido, e Gerard voltou a atenção para lá imediatamente. Frank jogou a cabeça para trás e gemeu baixo ao sentir os dedos do mais velho se pressionarem por toda sua extensão, fazendo movimentos verticais, por enquanto ainda lentos.
Gerard mordeu seu queixo de leve, o que o fez voltar com a cabeça para frente, sendo surpreendido por mais um beijo, a mão em seu membro acelerando. Então Frank se virou um pouco, com a intenção de também alcançar o membro de Gerard; mas quando ele roçou os dedos por cima do tecido, Gerard se afastou bruscamente, deixando-o com um olhar interrogador e um tanto frustrado.
Antes que Frank pudesse entender, Gerard voltou para frente, parecendo um pouco... irritado?
— Gee?
Ele o ignorou, segurando o cós da cueca do mais novo e tentando abaixá-la. Frank se sentou, o que facilitou a retirada da peça, mas não era a intenção.
— Gee.
Ainda sendo ignorado, Frank viu Gerard se abaixar, e logo sentiu os lábios quentes do mais velho tocar-lhe a glande. Suas pálpebras tremeram e seu membro pulsou, mas ele colocou uma mão nos cabelos do namorado e os puxou, de leve, apenas o bastante para obrigá-lo a olhar para cima.
— Gerard. Para.
Finalmente, Gerard o olhou — e seus olhos estavam marejados. Isso mudava tudo. Frank perdeu o tesão tão subitamente que seu membro mal teve tempo para amolecer. Frank o puxou para cima e o abraçou, sem dizer mais nada, apenas sentindo os espasmos regulares que indicavam que Gerard estava chorando.
— E-eu não... eu não quero lembrar dele quando... eu não quero, mas... — Gerard soluçava, e Frank só acariciava suas costas, com “shhs” ocasionais. — Não quero ter medo d-de ser tocado, Frank, não quero, eu...
— Você não vai ter — Frank o cortou. — Nós temos tempo, e eu posso esperar o quanto for preciso. Mas nunca faça nada enquanto não estiver preparado, ok?
Gerard assentiu e Frank o guiou para seu lado na cama, fazendo-o deitar e o cobrindo. Então vestiu sua cueca novamente e se colocou sob as cobertas com ele, um olhando para o outro, a luz da rua sendo a única iluminação no quarto.
Depois de alguns minutos em silêncio, Gerard falou de novo, agora com a respiração e a voz normalizadas, apesar das palavras saírem em um sussurro.
— Eu só quero superar isso...
— Você precisa ter paciência, Gee. — Frank levou a mão para o rosto do outro, acariando-lhe a bochecha levemente.
— Eu sei, mas... sei lá, parece que estou menos paciente esses dias...
Frank olhou para baixo. Sim, era verdade, isso não era um traço da personalidade de Gerard antes. Será que isso viera de Gabriella? E o que acabou de acontecer, Frank pensou repentinamente, será que veio de Gabe?
Ele piscou e olhou para Gerard de novo, firmemente. Eram mudanças mínimas, ele podia lidar com isso.
— Você vai precisar aprender a ficar paciente de novo, então.
Gerard suspirou.
— Acho que sim. Mas o que eu puder fazer, eu vou tentar. Aliás... aquele menino, ou homem agora, do julgamento...?
— Ah, sim! — Frank exclamou, quase sorrindo. — Posso ligar para ele amanhã e marcar uma data para irmos lá?
— Por favor.
Frank se aproximou e depositou um selinho.
— Nós vamos resolver isso. Confia em mim.
— Acho que você é a única coisa em que eu confio agora, Frank.
A noite foi mais pacífica do que estavam esperando.
Retardando o fim da fic, sim ou claro? -q
Nancy Boy- Admin
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Re: I'm a Fake
Capítulo 36
Duas semanas , socorro ;-; Mas dessa vez o Natal atrapalhou, ok. Até porque escrevi duas oneshots por esse motivo (se alguém gostar de Johnlock ou de lemons com dois atores pornôs, avisa que eu passo link -q). Mas aqui está! \o/
Frank marcou com o garoto do julgamento no dia seguinte, para aquela mesma noite. De certa forma, queria mais tempo para que Gerard se preparasse, mas depois imaginou que as duas semanas internado foram o bastante. Porém, não iriam para a casa do homem; Frank teve a impressão de que alguém o aconselhara a encontrá-los em um lugar público, pois ele parecia bem mais cauteloso agora do que na primeira vez que conversaram. Por fim, o novo arranjo deu mais do que certo, pois aquela terça era quando a banda de Frank retomaria as atividades e se apresentaria em um novo local pela primeira vez.
Portanto, tanto ele quanto Gerard tinham alguns motivos para ficarem nervosos.
Saindo da faculdade, ele e Shaun ganharam uma carona de Gerard até o bar Brix. Shaun perguntara antes ao amigo se Gerard estava apto a dirigir, mas se calou ao receber uma resposta seca de Frank.
— Tanto quanto sempre esteve.
Frank sabia que Shaun tinha todo o direito de perguntar — afinal, iria passar meia hora dentro do carro — mas estava cansado de ter que lidar com o nervosismo dos outros. Da banda, da sua mãe, de Kitty, Steve, e Jimmy em uma forma mais rude, e até mesmo de Ray. Ninguém confiava totalmente em Gerard e ele sabia que isso atrapalhava, então o deixaria fazer tudo que o mais velho achasse que pudesse fazer, desde que não fosse realmente perigoso.
Os medos de Shaun se mostraram mesmo sem fundamento, no fim das contas. Eles chegaram ao Brix sem problemas e se encontraram com John e Tim, que aguardavam ansiosamente, sem esconder as saudades que tiveram de tocar com os amigos, especialmente para uma plateia. Gerard parecia satisfeito com a alegria do namorado e de seus amigos, mas não conseguia esconder o próprio nervosismo, olhando de um lado para o outro como se pudesse reconhecer automaticamente o homem que nunca sequer havia visto.
Frank notou, claro, e tentou distraí-lo, guiando-o para dentro e o lembrando que ainda demoraria para o encontro acontecer. Eles chegaram mais cedo, para se prepararem, já que seriam a primeira de três bandas a tocar naquela noite. Shaun fez questão de puxar Tim e John para o backstage e deixar “os pombinhos”, como os chamara, a sós por um tempo.
— Eles já não ficam a sós por tempo demais? — John reclamou, mas deixou-se ir, logo se ocupando de ajudar a ajeitar o palco e testar os instrumentos.
Gerard disse que Frank podia ir, mas o baixinho negou, envolvendo os braços no pescoço do namorado e sorrindo de lado.
— Eles conseguem fazer isso sozinhos uma vez na vida. Vou ficar com você até a hora do show, pode ser?
Gerard sorriu de volta e o puxou mais para perto, sem se importar com a atenção que chamavam do pouco público que já chegara.
— Eu... — o mais velho começou, mas se impediu. Tentou desistir da frase com um beijo, mas Frank era mais esperto do que isso; empurrou-o e o forçou a olhar para ele.
— Fala.
— ... eu estou com medo. E se ele não...
— Shh, nem começa. Ficar pensando em “e se” não adianta nada. — Frank deu-lhe um selinho rápido antes de voltar a falar. — Você não precisa falar nada que não queira, e se ele for um idiota, eu mesmo o chuto pra fora.
Gerard riu baixinho, mas parou ao perceber que Frank falava sério. Então assentiu e suspirou.
— Ok. Quando mesmo ele falou que chegaria?
— Já deve estar chegando, mas acho que só vai dar para falar com ele depois do show. A não ser que você queira ir sozinho...
— Não.
Frank já sabia que essa seria a resposta, mas achou bom confirmar.
— Tá. Eu falei que sou o vocalista da primeira banda, então ele vai me reconhecer mais facilmente, mesmo.
— Então ele que vai se aproximar?
— Sim. E disse que vai trazer alguém, também.
Gerard sorriu de novo.
— Mais plateia pra vocês.
Frank estremeceu de leve, mas de uma forma boa. Olhou ao redor e viu o número de pessoas aumentando gradativamente, mesas sendo ocupadas e o som de conversas e risadas crescendo.
— Nem me fale, acho que nunca vou me acostumar com essa sensação... a de subir num palco e ter todos os olhos voltados para você.
— Não se acostumar é melhor.
Frank deu de ombros.
— Talvez. Acostumando ou não, nunca vou me cansar.
Depois de mais alguns minutos de conversa, Tim veio chamar Frank para testar sua própria guitarra e o microfone. Frank beijou Gerard rapidamente, ouviu seus desejos de boa sorte e desejou o mesmo, antes de ir para o palco.
Com tudo afinado, conectado e testado, e o lugar já praticamente cheio, era hora de começar. Frank olhou para onde Gerard estava — no primeiro banco do bar, o mais próximo possível do palco — e sentiu a onda familiar de conforto ao iniciar os primeiros acordes de “Attention Reader”.
O show durou mais ou menos 40 minutos, nos quais Pencey Prep tocou metade do repertório de seu único CD e o resto em covers. A maior parte da atenção vieram nesses últimos, é claro, mas Frank notou, e soube que os outros também haviam notado, a atenção especial que algumas pessoas deram às suas músicas originais. Durante todo esse espaço de tempo, Gerard os acompanhou calmamente, animando-se em alguns momentos, mas ainda preocupado com o encontro misterioso que estava por enfrentar. Frank não podia culpá-lo.
Assim que saiu do palco, suado pelo esforço absurdo que fazia, por gritar e jogar-se por todos os lados, Frank correu para Gerard e o abraçou sem cerimônias. A risada gostosa de Gerard em seu ouvido o fez lembrar do começo, de como ele queria fazê-lo rir a todo momento; e percebeu, de repente, que a vontade não passara.
— Você deixou eles pra guardarem os instrumentos sozinhos? — Gerard perguntou, as mãos envolvendo o menor pela cintura, deixando mais espaço para os clientes que passavam por ali em direção ao banheiro.
Frank deu de ombros, sorrindo o máximo que conseguia, mais do que feliz com o show. Mas ele sabia que tinham assuntos sérios a tratar, então não começou a tagarelar, por mais que quisesse. Ao invés disso, passou a olhar ao redor, esperando para ver quem se aproximaria deles. Havia falado ao telefone que era namorado de Gerard, para o caso infeliz de estarem tratando com algum homofóbico em potencial, mas só o que recebeu foi um “ah, que coincidência” que encerrou o assunto.
Quando finalmente reconheceu um homem indo em direção a eles, acompanhado de um outro que segurava sua mão, entendeu aquele comentário. Um deles tinha o cabelo liso e loiro, caindo sobre seus olhos em uma franja insistente, e usava uma calça jeans rasgada nos joelhos e camiseta de manga comprida. O outro tinha cabelos negros, mais compridos e um tanto ondulados, mas se vestia de forma parecia. O estilo dos dois lembrava o de Frank, o que o fez feliz momentâneamente. Mas assim que virou o rosto para mencionar as coincidências para Gerard, sentiu o corpo do mais velho enrijecer.
Frank franziu a testa e seguiu o olhar do namorado. Então notou que os dois homens haviam parado a alguns metros de distância, pois o moreno também enrijecera. Ele e Gerard trocavam olhares surpresos e assustados, e Frank não podia ficar mais confuso.
— Gee...? Tá tudo bem?
Gerard assentiu, mas ainda fitava o homem do outro lado. Depois do que pareceu séculos, os dois se aproximaram, parando em frente a Gerard e Frank, que haviam se separado do abraço. O loiro tinha um ar tão interrogatório quanto Frank.
— Você é Frank Iero? — ele perguntou, apesar de olhar seu acompanhante.
— Sim, você é Quinn Allman? — Frank replicou, mas observando Gerard de soslaio.
— E esse é...? — Quinn perguntou, mas Gerard acabou falando quase no mesmo momento.
— Bert? — Gerard disse, incrédulo, para o moreno.
— Bert? — Frank repetiu, mais alto.
— Gabe? — o moreno falou, e Quinn arregalou os olhos.
Eles todos se entreolharam sem dizer nada por muitos segundos. Até Frank e Quinn falarem juntos.
— Esse é o Bert que ficou com Gabe?
— Esse é o Gabe que não existia de verdade?
Tanto Gerard quanto Bert apenas assentiram, sem tirar os olhos um do outro. Quinn e Frank se encararam, boquiabertos, sem saber o que mais dizer por um longo tempo.
— Bem — Quinn disse finalmente. — Isso é estranho.
Beeeeert <3 Porém é o Quinn que é o menino xD
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Re: I'm a Fake
Capítulo 37
— Então vocês estão juntos agora? — Gerard perguntou.
Depois que o choque passou, todos eles pediram algo para beber e se sentaram longe do palco, onde puderam ficar quase sozinhos, já que a maioria das pessoas estava mais para a frente para ver a segunda banda da noite. Os dois casais, de frente um para o outro, estavam ansiosos para esclarecer a situação.
— Sim — Bert respondeu, com um sorriso que pareceu sincero. — Conheci o Quinn há um ano e pouco.
— E estamos juntos há quase o mesmo tempo — Quinn completou, também sorridente.
Frank e Gerard trocaram um olhar rápido.
— Acho que podemos entender — Frank comentou. Então sacudiu a cabeça. — Mas ainda não acredito na coincidência.
— Eu sei! — Bert exclamou, com uma expressão e linguagem corporal meio escandalosa, como Frank descobriu que ele era naturalmente. — Quero dizer, o Quinn tinha me contado de tudo que passou com o julgamento daquele filho da puta, e eu contei sobre Gabe pra ele, mas eu não tinha informação o bastante pra gente fazer a ligação.
— Se tivessemos, provavelmente teríamos tentando entrar em contato antes — Quinn admitiu. — Como eu disse pra você, Frank, eu sempre quis encontrar o menino... e ver em quem ele havia se transformado.
— Nada mal, né? — Bert disse com um sorrisinho, e recebeu um soco de leve no braço, de Quinn, e rápidas risadas dos outros dois. — Não, falando sério agora. Como você tá, Gab... Gerard? E como...
Bert se impediu e tanto Frank quanto Gerard puderam notar a pergunta que se formara em sua boca antes que ele pudesse se reprimir.
— Como está o Gabe? — Gerard completou. — Se estivermos certos... não está mais.
Bert assentiu fracamente e desviou o olhar. Quinn suspirou, sentado ao lado, e colocou a mão sobre a dele.
— E você? — Quinn repetiu a pergunta a Gerard, já que o namorado se calara e estava dando um gole na cerveja que pedira.
— Eu... ainda não sei — Gerard respondeu, honestamente. — Estou feliz por ser só eu no meu corpo, realmente estou, mas... não sei se um dia vou conseguir superar o que aconteceu.
— E o que... - Bert começou, novament interessado.
— Ele não precisa nos contar, né, Bert? — Quinn o interrompeu, bem ciente da falta de tato do outro. Bert percebeu e concordou veementemente.
— É, claro. O importante é que você supere.
Gerard assentiu calmamente, e todos pausaram por um momento, bebendo discretamente e pensando em suas próprias perguntas. Deixaram que Gerard fosse o primeiro a quebrar o silêncio.
— Então, Quinn, como foi... fazer parte daquilo?
Quinn olhou para ele com atenção.
— Bem. Eu não entendia a gravidade do assunto, lógico. Mas eu me lembro de ficar muito assustado com Matthew. Eu ficava lá sentado, longe dele, mas dava para vê-lo, e eu não conseguia me impedir de olhar. Meus pais viviam tentando me distrair enquanto minha parte não era necessária, mas não dava. Ele atraia, de algum jeito. Mas por fim, quando chegou a hora do meu depoimento, eu fiquei nervoso o bastante pra prestar atenção na minha mãe me abraçando. Ela me guiou até aquele lugar alto do lado juiz, nunca lembro o nome daquilo, e eu fiquei lá, esperando as perguntas. De novo, não conseguia deixar de olhar para Matthew. Sabe que acho que isso foi bom... os jurados perceberam o meu medo, isso deve ter ajudado na condenação dele.
— E o advogado dele? Como te tratou?
— Nada tão terrível. A pior pergunta foi como eu sabia que a menina que ele levou da creche realmente não queria ir, ou só estava fazendo birra. Como é que eu ia saber? Eu não sabia nem quando eu estava ou não fazendo birra. Acho que respondi que não importava, porque ele não era o pai dela, e ganhei todo mundo aí. Vi meus pais sorrindo, estavam orgulhosos, e isso me fez sentir melhor. Quer dizer, pelo menos até Matthew pedir pra falar.
Gerard arregalou os olhos e Frank também. Bert só observava; já conhecia bem aquela história.
— O juiz não queria deixar, mas acho que ele não tinha escolha, isso seria negar o direito de defesa do acusado ou algo assim. Então ele levantou, chegou perto de onde eu estava, e eu quase me mijei ali mesmo.
Gerard soltou um suspiro pesado, que provavelmente não deveria ter saído, mas Quinn não pareceu notar, absorto nas próprias lembranças.
— Eu lembro muito bem dessa parte. Ele falou “Como você sabe que eu não era um tio dela? Ou um amigo?” e eu tive que olhar para meus pais antes de conseguir responder. Então perguntei “Você era?”. Ele disse que eu não fazia as perguntas ali, mas o juiz o mandou responder. Sem parar de me olhar, ele falou que não, e eu vi que ele sabia que não tinha como escapar da condenação. Então ele...
Pela primeira vez, Quinn hesitou. Bert, que recebera seu consolo há poucos minutos, foi quem colocou uma mão sobre a dele agora. Frank e Gerard observaram, preocupados. Quinn finalmente prosseguiu.
— Ele colocou as mãos na mesa, na minha frente, e se inclinou, e parecia gigante de onde eu estava, apesar de eu estar mais alto, mas é porque eu era pequeno. O policial mais perto já estava vindo tirá-lo de lá, mas ainda deu tempo de ele falar... “Eu devia ter escolhido você. Você daria um brinquedinho lindo”. — Quinn parou de novo, franzindo a testa para a mesa, como se não soubesse o que sentir a respeito daquilo. — Ele foi afastado, mas já tinha começado a gritar. “Você vai dar um brinquedinho lindo, Quinn, é esse seu nome, né? Eu não me importo se você estiver mais velho, eu sei esperar”, e taparam a boca dele, mas eu continuei lá, só vendo minha mãe e meu pai correndo pra mim. Eu não sabia o que ele quis dizer com aquilo, só sabia que estava com medo, e acho que devo ter começado a chorar.
Gerard se remexeu, e Frank percebeu que aquilo tinha acionado seus próprios demônios, também.
— Sinto muito — o mais velho falou, a voz rouca, e Quinn olhou para cima, saindo da onda de memórias.
— Tudo bem. Isso foi infinitamente menor do que o que ele fez com todas as outras vítimas dele. Eu não me importo, eu...
— Não se subestime tanto — Bert o cortou, agora sério. — Eu já falei, você foi corajoso de enfrentar isso por tanto tempo.
— Tanto tempo? — Frank perguntou, e Bert assentiu antes de continuar.
— Depois de uns anos, ele entendeu o que o cara quis dizer, e ficou com medo que ele fosse aparecer pra pegá-lo. Mesmo sabendo que ele estava morto.
Quinn balançou a mão, em um gesto de quem quer dizer que não é nada.
— Quinn — Bert se virou para olhar para ele. — Eu já tive que te acordar de um pesadelo com ele. Pare de agir como se não fosse nada.
— É — a voz de Gerard os sobressaltou. Ele estava com os olhos vermelhos, mas sem chorar. — Não faça isso. Todos nós temos nossos pesadelos. Não existe pior ou melhor, só existe ruim.
Quinn ficou quieto por alguns segundos. Então respirou fundo e deu um sorriso fraco.
— Você foi meu herói por todos esses anos, sabia? — ele riu ao ver a surpresa na expressão do mais velho. — Um herói anônimo, mas ainda assim.
— E você está sendo o meu — Gerard replicou.
Após alguns segundos em silêncio, Bert bateu a mão sobre a mesa, não muito forte, apenas para chamar a atenção de todos.
— Tá tudo muito bonitinho, mas acho que devíamos mudar de assunto antes que a gente comece a chorar um em cima do outro — disse, e todos sorriram e concordaram. — Então, Frank, o nome da sua banda é Pencey Prep, né?
— Isso mesmo! — Frank se endireitou na cadeira, animado pelo novo foco.
— Eu adorei vocês. Seus covers ficaram ótimos. E você é louco no palco, cara!
Frank deu uma risada infantil, e Gerard e Quinn embarcaram no novo clima sem dificuldade.
— Nós também temos uma banda, um pouco famosa já aqui em NJ — Quinn disse, orgulhoso. — O que é estranho porque antes de conhecer o Bert eu já estava tentando lá em Utah há um tempão, mas só depois que eu e os outros nos mudamos pra cá e conhecemos o gatinho aqui é que a coisa foi pra frente.
— Mais estranho ainda porque eu nasci em Utah também, mas vai entender o destino — Bert completou.
— Sério? Que legal, qual o nome da sua banda?
— The Used.
Frank deixou os braços caírem, descrente.
— Ah, tá brincando. São vocês? Não, espera, eu vou buscar o Shaun, ele vai ter um ataque...
Frank foi se levantando, e se enfiou entre as mesas e multidão lá na frente, atrás de seu amigo. Quinn e Bert pareceram felizes em terem um fã por ali, e Gerard estava calmo, apreciando a descontração, apesar de, como sempre, ter pensamentos mais sombrios no fundo da mente.
Frank voltou com Shaun e esse quase deu um pulo ao ver Bert e Quinn ali. Não acreditou que era Quinn o menino do julgamento, mas também não perdeu muito tempo nisso. Quis saber do The Used, se os dois estavam mesmo namorando — confirmando boatos — se Jeph e Dan estavam por ali com eles, e aproveitou para xingar Frank por nunca ter visto fotos da banda quando ele quis lhe mostrar.
— Você o teria reconhecido na hora, seu imbecil! — Shaun deu um tapa na cabeça do amigo, e Bert se sentiu no direito de dar o mesmo tipo de tapa nele.
— Ele não tem culpa, imbecil!
Shaun pareceu achar muito divertido ter recebido um tapa de Bert Mcracken.
Conforme a conversa seguiu, Shaun e Frank quase desmaiaram — mais Shaun do que Frank — quando Quinn sugeriu que a Pencey Prep abrisse para eles no futuro próximo. Não só isso os ajudaria na cena, como também era uma honra gigantesca, segundo Shaun. Frank os agradeceu muito, e depois de falarem por mais algum tempo, incluindo de novo Gerard na conversa, precisaram ir embora.
Prometeram se encontrar de novo, tanto para discutir as bandas quanto para apenas manter contato. Gerard agradeceu novamente, de forma sutil, mas acolhedora, por Quinn ter contado sua história.
— Eu sei que você quer saber o que aconteceu — ele falou, e segurou a mão de Frank. — Frank pode te contar, se ele não se importar...
O baixinho assentiu, e Quinn também.
— Tudo bem. Mas isso fica para outro dia. Agora vocês tem que ir para casa e se recuperar de hoje.
Ambos sabiam que ele falava tanto física quanto emocionalmente, e acharam incrível que alguém pudesse finalmente entender.
Quando estavam no carro, Frank no volante, o clima estava mais leve do que esteve há semanas.
— Acho que devo um agradecimento a mais — Gerard disse de repente.
— A quem?
— Gabe.
Frank se calou, e sentiu se misturar o seu peito alívio e um novo luto, por alguém que ele nem sabia que era importante.
E ele iria descobrir, agora, depois de tudo, que não havia ninguém que não era importante.
Então... esse foi o penúltimo.... é.
Nancy Boy- Admin
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Data de inscrição : 14/10/2012
Re: I'm a Fake
Oe, estou aqui de volta, depois de muito tempo o/
E ESTOU SIMPLESMENTE INDIGNADA POR ESSE SER O PENÚLTIMO CAPITULO ~morre~
Socorro, essa parte do Quinn e do Bert MKDNWKDMWODNWKDNWKSNW
O que importa é que todos estão superando e <333
Eu to com pressa ldmwks por isso o comentário vai ficar pequeno assim msm, sorry
Até o próximo (último ~chora~ ~se joga no chão~morre~) capítulo kdmkdmw tchaaaau =3
E ESTOU SIMPLESMENTE INDIGNADA POR ESSE SER O PENÚLTIMO CAPITULO ~morre~
Socorro, essa parte do Quinn e do Bert MKDNWKDMWODNWKDNWKSNW
O que importa é que todos estão superando e <333
Eu to com pressa ldmwks por isso o comentário vai ficar pequeno assim msm, sorry
Até o próximo (último ~chora~ ~se joga no chão~morre~) capítulo kdmkdmw tchaaaau =3
breezy- Mensagens : 44
Data de inscrição : 08/03/2013
Re: I'm a Fake
Capítulo 38 - FINAL
breezy: Apareceu de novo quando está acabando ;-; Sinto muito </3 Tudo bem -qq Vamos logo postar então, né? ;-;
O tempo começou a passar muito mais rápido. Frank voltou a morar mais na casa de Gerard do que em seu apartamento, enquanto também se concentrava mais em sua banda do que na faculdade. Gerard voltou a desenhar, e depois de alguns meses foi convidado a dar palestras pagas em duas escolas de arte. A notícia de sua recuperação se espalhou na comunidade artística, e as pessoas foram perdendo o medo de contratá-lo, de forma que ele não precisava mais só trabalhar em casa.
As amizades também se fortaleceram. Os dois saíam com Ray sempre que possível, e Bert e Quinn viraram companhias frequentes — Frank os contara a história de Gerard, e eles o trataram como herói mais do que nunca. Pencey Prep e The Used também se deram muito bem, no geral. Alguns momentos estranhos ocorreram, claro, com Bert e Gerard. Era como se soubessem de algo que mais ninguém sabia, e Quinn e Frank se incomodavam mais do que deviam com isso. Mas estavam felizes, isso era indubitável. Bert chegou a admitir para Gerard que estava feliz por Gabe não estar mais lá, porque não queria que nada atrapalhasse a vida que ele levava com Quinn. Isso também era uma admissão de que Gabe iria atrapalhar, se ainda existisse, mas Gerard deixou passar.
Apesar das aparências externas, não foram os meses mais fáceis da vida de Gerard. Ele seguia as recomendações médicas, e tinha apoio constante de Frank, mas as recaídas eram inevitáveis. Às vezes ele passava horas sem sair do quarto para nada — certa vez, passou o dia inteiro, até Frank arrombar a porta e forçá-lo a sair, já que ele havia até mesmo urinado na roupa sem se importar. Outras vezes, tinha ataques de choro tão intensos que sua pele quase ficava azul pela falta de ar, e Frank o abraçava e tentava acalmá-lo, somente para que ele voltasse a chorar segundos depois. As ocasiões violentas só se deram duas vezes, inibidas pelos remédios; uma nas quais Gerard estava sozinho, e quando Frank chegou, viu-o arrumando a mobília que havia quebrado; e outra em que empurrou Frank para o sofá, gritando coisas sobre ser “estragado demais” para ele, e só parou quando o mais novo o fez lembrar de Geoffrey. Gerard também se cortara algumas vezes, e Frank até achou que Jared estava de volta; mas era só uma escapatória, muito errada, que Gerard tentou. Ele parou depois de ver Frank chorando por isso.
Eles conseguiram voltar a ter relações sexuais, apesar de terem demorado bastante. À princípio, Gerard só conseguia suportar toques suaves, pouco maliciosos, e desistia com a mera visão de seu membro ou o do namorado rígido. Depois, passou a aceitar beijos mais profundos e uma proximidade maior dos corpos. Por diversas vezes, tentaram passar disso e Gerard desmoronara de novo, sentindo-se culpado por não poder fazer algo tão simples; mas Frank era paciente, e provou isso com o passar dos meses. Até que uma vez, Gerard decidiu entrar no banheiro enquanto o outro tomava banho, e o descobriu se masturbando. Pela primeira vez no que pareciam séculos, ele se sentiu excitado, e rapidamente se livrou das roupas e entrou debaixo do chuveiro também. Ambos estavam hesitantes, mas Gerard se ajoelhou e não parou o que queria fazer até sentir Frank jorrar em sua boca. A partir daí, as coisas ficaram mais fáceis, e em algumas semanas, eles já tinham voltado ao normal, ou o mais próximo disso que era possível.
Como casal, eles tiveram momentos bons e ruins, e em geral eles tinham a ver com a pessoa que Gerard era, agora, sem os alters. Ou, como descobriram, com os alters, absolutamente dentro dele.
Às vezes Gerard era simplesmente infantil. Fazia piadas bobas, chegava atrasado por ter ficado jogando videogame, dava risada à toa. Frank gostava dele assim, mas isso vinha acompanhado de uma teimosia também infantil, fosse uma recusa insistente a parar de desenhar para ir comprar alguma coisa, fosse uma birra irritante em não querer ir dormir mesmo sabendo que acordaria cedo no dia seguinte. Frank não podia dizer muito; ele próprio agia assim de vez em quando, como sua mãe fez questão de lembrá-lo quando ele mencionou as atitudes de Gerard para ela. Ainda assim, ele sabia que nesses pequenos momentos, que vinham e iam naturalmente, ele estava lidando com Gus. E saber disso o fazia sorrir, apesar de tudo.
Às vezes ele também era feminino. Frank notou isso rápido; em pequenos gestos, era fácil de perceber Gabriella se manifestando. Um movimento distraído da mão, uma ajeitada rápida no cabelo, uma atenção especial para um lápis de olho. Em alguns dias, Gerard parecia completamente transformado, não fosse pelas roupas; Frank o encontrava sentado de lado, desenhando, com as pernas cruzadas uma sobre a outra, um lápis sendo mordiscado no canto da boca e tudo em sua postura gritando “mulher”. Ele também gostava disso, e se perguntava se Gerard sequer notava. Talvez, a julgar pelo seu sorriso de lado quando percebia que Frank o observava.
Mas não era sempre fácil. Quando alguma coisa ruim acontecia, qualquer que fosse — um dia ruim no trabalho, uma discussão boba com Frank — Gerard ficava cabisbaixo e com um ar depressivo que sempre acabava por preocupar o namorado, e por vezes os amigos. Ele pintava coisas sombrias, falava pouco e ouvia músicas que fariam qualquer um querer morrer. Frank sabia que todos tinham dias assim, e era normal, mas ele tinha medo, muito medo de Jared tomar conta.
Também era complicado quando a parte Gabe dentro dele decidia que precisava de um ar. Geralmente era quando saíam, para comer algo ou parar assistir o Pencey Prep tocar. Certa vez Frank viu, do palco, que Gerard estava bebendo um pouco demais ao lado de Bert e Quinn. Ele precisava terminar o show, mas foi cada vez mais difícil ao notar o namorado rindo alto e tocando Bert mais vezes do que era necessário. Quinn provavelmente teria acabado com aquilo, se não estivesse mais bêbado que os dois juntos. Então, assim que saiu do palco, Frank agarrou Gerard pelo braço e o puxou para um canto qualquer, exigindo que ele parasse de agir como se quisesse levar Bert para o banheiro a qualquer momento. Quando Gerard respondeu “E quem disse que não quero?”, Frank percebeu que não adiantaria discutir. Ele viu Bert olhar para eles, confuso, provavelmente com pensamentos bagunçados sobre Gabe e Quinn. Então levou Gerard para casa e teve que ouvir mil pedidos de desculpas no dia seguinte, além de não ajudar na ressaca, antes de perdoá-lo.
E havia Geoffrey. Frank tinha medo do que Gerard podia fazer quando realmente estava com raiva. Viu muito pouco disso nele, mas estava lá; ao xingar alguém no trânsito, ao reagir exageradamente a alguma piada de mal gosto de Jimmy, ao serem maltratados por algum funcionário homofóbico em um restaurante qualquer. Frank realmente pensou que Gerard fosse acabar com um cara, uma vez, ao achar que ele estava dando em cima de Frank. Era ridículo, e Gerard admitiu isso mais tarde, mas não necessariamente pediu desculpas. De uma forma ou de outra, ele nunca canalizava essa raiva em Frank ou nele mesmo, e isso os deixava mais seguros.
Mas estavam todos lá. Todos morreram, sim; Gabe, Gus, Geoffrey, Gabriella e Jared, eles não tinham mais sua própria consciência e suas próprias vontades; mas havia um resquício do que eles foram no Gerard atual. E isso confundia Frank. Porque, afinal, não foi por esse Gerard que ele se apaixonara. Foi por alguém que não era infantil, nem feminino, nem festeiro, nem depressivo, nem explosivo.
E o que Gerard era, então?
Frank pensava bastante nisso. Lembrou-se de quando ouviu falar de Bert pela primeira vez, e de como ele se apaixonara por alguém que não existia. Mas será que era isso mesmo? Ou será que fora Frank que se apaixonara por alguém que não existia? Alguém que fora repartido tantas vezes que, integralmente, já não era mais ninguém?
Frank tinha medo. Tinha medo, conforme os meses passavam, que o amor que sentia ia dar lugar a pesar, que aquilo passaria a ser uma obrigação. Tinha medo que fosse desgostar desse novo Gerard, dessa mistura de todos os alters que conhecera. Tinha medo de ter matado não aquelas consciências, mas sim o Gerard que amava.
Frank tinha medo de ter se apaixonado pela mentira.
E talvez tivesse. Talvez essa tenha sido a questão; Gerard estava vazio, e Frank estava cheio; cheio de vida, de culpa, de vontade, de desejo. Eles se atraíram como opostos, porque precisavam, porque era assim que tinha de ser.
Mas e agora?
Agora não eram mais opostos. Agora Gerard era Gerard e mais todos os outros, a quem Frank aprendera a gostar ou odiar. E ele não tinha certeza se conseguiria lidar com isso. Não tinha mais certeza de nada.
Mas ainda não era a hora de saber, ele decidiu. Por enquanto, ele queria Gerard. Queria tê-lo por perto, cuidar dele, dormir com ele, acordar com ele. Ainda queria tudo isso, e não era o mesmo que foi no começo — aquele começo turbulento e único — mas era forte e, sim, parecia duradouro. Só que Frank não era ingênuo, e sabia que isso não garantia nada.
E isso vinha em sua cabeça às vezes, quando Gerard o lembrava muito de Gabe, ou Gus, ou qualquer um deles. Nesses momentos, Frank hesitava. Mas então eles passavam, e Frank voltava a sorrir e abraçar o namorado como sempre fez e sentia que sempre faria.
Sua mãe o aceitara por completo. Seus amigos, os amigos de Gerard, tudo estava funcionando agora. Então por que Frank tinha que ter tantas dúvidas?
Certo dia, ele foi se encontrar com Bert, só os dois, para almoçar, já que Quinn e Gerard estavam ocupados. De todas as pessoas, não imaginava que contaria sobre seus sentimentos para ele; mas Bert tinha essa aura de confiança, algo que atraiu Gerard imediatamente na primeira vez que se encontraram, e que atraia todo mundo. Estavam em silêncio por alguns minutos, quando Frank simplesmente desabou tudo nele.
Bert ficou quieto por um bom tempo, comendo como se nem tivesse ouvido. Até que deixou os talheres de lado, se recostou na cadeira e olhou para Frank.
— Quem é você?
O mais baixo piscou, tentando captar qual deveria ser sua resposta.
— Sou Frank Iero.
— Não seu nome, você.
Frank piscou de novo e franziu o cenho.
— Sou Frank Iero. Toco em uma banda e amo o que faço de paixão. Tenho uma mãe superprotetora que me irrita quase tanto quanto me mima às vezes. Me apaixono fácil e intensamente. Sou meio escandoloso de vez em quando. Também posso ser chato, ou infantil demais, e... onde você quer chegar?
Bert sorriu.
— Quantos Franks você acha que existem dentro de você?
— Eu... — ele hesitou. — Não sei. Muitos.
— Você gosta de todos eles?
— Claro que não.
— Você precisa gostar de todos eles?
Frank abaixou o olhar, pensativo.
— Não estou dizendo que é a mesma coisa — Bert prosseguiu. — É bem diferente em você e em outra pessoa. Afinal, podemos escolher quem nos cerca, e não quem somos. Mas não é impossível. Nada é. Olha, quero te mostrar uma coisa...
Bert pegou a mochila que descansava ao seu lado, no banco, e começou a remexer dentro dela, até retirar um caderno. Depois de folheá-lo, encontrou o que queria e o entregou para Frank.
— É pra uma música nova que estou escrevendo — disse, sem mais explicações.
Pequeno, simples, bom preço
Acordo e me carrego com todos os meus arrependimentos
Isso não é um pequeno corte que cicatriza, seca, escama e se cura
E eu não tenho medo de morrer
Eu não tenho medo de sangrar, de foder, e de lutar
Eu quero a dor da punição
O que resta, senão uma seção de pequenos cortes
Mais parecidos com umas mil transas indesejadas
Você seria meu pequeno corte?
Você seria minhas mil transas?
E deixar mais espaço de sobra para que a culpa seja líquida
Para preencher e cuspir por cima e por baixo dos meus pensamentos
Meu triste, arrependido, choro egoísta para o cortador
Estou cortando, tentando retratar seu coração negro e partido
O amor não é como qualquer coisa
Principalmente uma maldita faca!
— O que significa? — Frank perguntou, devolvendo o caderno. Bert simplesmente sorriu de leve e o guardou, empurrando o prato em que comera e se levantando com a mochila.
Frank também se levantou, seguindo-o até o lado de fora do restaurante, onde iriam se separar.
— Sério, Bert, o que significa?
Bert parou e o encarou.
— Isso é você que tem que descobrir.
Frank suspirou. Eu devia imaginar, pensou. Não seria tão fácil.
Eles se despediram e Frank se pegou pensando nas palavras que lera até chegar na faculdade. Depois, se distraiu, brincou e viveu normalmente, sem pensar muito, até chegar em casa após uma noite de ensaio.
Encontrou Gerard dormindo no sofá, com canetinhas na mão. Sorriu e retirou os papeis e tudo o mais que ele estava usando para desenhar, então puxando-o para se levantar. Não aguentaria levá-lo no colo, mas sabia que Gerard não acordava totalmente ao andar para o quarto e cair na cama.
Então ele próprio caiu no sofá, com um suspiro, o poema de Bert voltando à sua mente.
Ele não tinha certeza do que iria acontecer. Mas, quer saber? Ele gostava disso. Do desafio. Todos nós somos uma farsa, afinal; todos temos alguma máscara, algum segredo, algum medo. E isso não faz de ninguém irreal. Só... mais complexo. Frank tinha que se acostumar com a complexidade. Percebeu que se apaixonara por alguém fácil, simples, não completo; e agora precisava lembrar que ninguém nunca tem uma só faceta.
Mas qualquer que fosse o preço a pagar — que Gerard não fosse o mesmo, que ele nunca se recuperasse, que Frank perdeu seu tempo — teria valido a pena.
Se ele aprendeu alguma coisa, é que o amor sempre vale a pena.
Okaaay, então antes que arranquem minha cabeça: sim, está aberto a interpretação. Não, não deixei "sem fim".
Eles continuaram, como era óbvio que continuariam. Porém, minha ideia desde o começo era fazer com que terminassem separados. Só que já tem tanta coisa triste na fic que acabei ficando em dúvida, então... deixei que quem decidisse isso fossem vocês. O meu final é: Frank está tendo dúvidas sobre o relacionamento, mas está disposto a continuar.
E o poema do Bert, é da música I'm a Fake, que dá título pra fic, alguns devem conhecer. Isso também aberto a interpretação, e quero que vocês pensem e tentem relacioná-lo com a fic. O que vocês acham que significa? Não pode ser uma dica do que vai acontecer com Frank e Gerard?
Eu tenho minha própria interpretação, claro, mas só vou falar pra quem perguntar -q Podem deixar suas mentes levarem até onde vocês quiserem.
Enfiiiim, então é o fim. <////3 Amei muito essa fic, e amei escrevê-la. Foi bem pessoal pra mim por uns motivos aí, e fiquei incrivelmente feliz em ver que vocês gostaram também. Quero que lembrem que ninguém é um só; todos cometem erros, todos questionam, todos tentam e todos mudam. Inclusive vocês. Não se impeçam de fazer algo ou de conhecer alguém por ser novo. É assustador, sim, mas pode ser a melhor coisa que vai te acontecer. Não se impeçam de ser quem vocês quiserem ser, mesmo que seja completamente diferente do que vocês eram antes.
Queria agradecer a todos que leram, favoritam e comentaram, e a Hail que fez a capa MARAVILINDA que todos vocês deviam ir admirar agora, e a Adrenaline que mesmo não lendo a fic me ajudou com algumas coisas. Cheguei até mesmo a fazer umas amizades por causa dessa fic e por isso sou muito muito grato <3
E sim, tem outra pra vir. Será uma shortfic, depois já tem uma long programada. Essa short será Frerard, se chamará Contrast e terá como tema.... sombras. Fiquem atentos :3
Ok, odeio despedidas, então vamos fingir que não é uma. Até o próximo!
....... ;-;
Nancy Boy- Admin
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Re: I'm a Fake
Vei ;-; eu to .-.
Demorei pra aparecer mas to aqui skmwks o/
eU REALMENTE NÃO SEI O Q PENSAR SOBRE ESSE FINAL .q
Sobre o poema: pra mim ele significa tudo e ao mesmo tempo nada (?) não sei explicar ;-;
Mas qual a sua própria interpretação?
Olha, acho q ler fics antes de dormir não é uma boa ideia. Se eu não dormir hj a culpa é sua -n
Enfim, a sua fic acabou comigo mas tmb me ajudou muito sooo obrigada =3
Não gosto de despedidas <\3 (estou me despedindo da fic e não de vc -q) mas pelo menos tem mais vindo ai o/
Alias, o textinho das notas finais ficou lindo shuahsua <333
E só pra vc saber, a Bia (aquela q entrou no fórum faz um tempo) acompanhou a sua fic tmb =33 porém ela teve vergonha de comentar cksmkxms
Talvez ela comente na próxima (espero)
Entaaaao, acho q é isso dksmdks
Até a próxima <\3
Tchaaaaaau =33 (meu ultimo tchau nessa fic socorro to em choros)
Demorei pra aparecer mas to aqui skmwks o/
eU REALMENTE NÃO SEI O Q PENSAR SOBRE ESSE FINAL .q
Sobre o poema: pra mim ele significa tudo e ao mesmo tempo nada (?) não sei explicar ;-;
Mas qual a sua própria interpretação?
Olha, acho q ler fics antes de dormir não é uma boa ideia. Se eu não dormir hj a culpa é sua -n
Enfim, a sua fic acabou comigo mas tmb me ajudou muito sooo obrigada =3
Não gosto de despedidas <\3 (estou me despedindo da fic e não de vc -q) mas pelo menos tem mais vindo ai o/
Alias, o textinho das notas finais ficou lindo shuahsua <333
E só pra vc saber, a Bia (aquela q entrou no fórum faz um tempo) acompanhou a sua fic tmb =33 porém ela teve vergonha de comentar cksmkxms
Talvez ela comente na próxima (espero)
Entaaaao, acho q é isso dksmdks
Até a próxima <\3
Tchaaaaaau =33 (meu ultimo tchau nessa fic socorro to em choros)
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